
Possuindo uma qualidade vocal objetiva e discernível, e
reconhecida como uma intérprete excitante de qualquer canção que interpreta,
desta vez Wright opta por um tema tradicional norte-americano, conduzido pelo
hábil produtor Joe Henry, que prova ser uma sábia escolha para o projeto. Mantendo
as naturais inclinações de Wright, há um senso inato de música que incessantemente
marcou o espírito da comunidade negra, onde ela está culturalmente ligada desde
os dias em que seu pai foi diretor musical de uma igreja.
"Barley" é um blues acústico rítmico, que conjura
imagens de uma terra cultivada no sul dos Estados Unidos vivendo com fé viva e sem
vacilo. A icônica Nina Simone continua lançando uma magnetizante significação
para cantoras contemporâneas, e Wright sente-se sob seu balanço remoto. Ela
apresenta uma memorável versão de "Seems I'm Never Tired Of Lovin'
You" de Simone, trazendo um impressionante coro da igreja de Atlanta sob a
direção de Kenny Banks Sr., uma legenda gospel local. Eles vêm em torno de uma
canção em tempo médio, e texturas vocais adicionam uma divina propensão ao
resultado.
O tradicional gospel "Singing In My Soul", largamente
associado a Sister Rosetta Tharpe, vem com uma cadência suingante, embelezado
por guitarras elétricas entre um embaralhamento bento. A marcante, de Allen
Toussaint, "Southern Nights", é recuperada para o córrego e fim de
mundo de onde veio com Wright, de forma bem-sucedida, projetando a imagem
bucólica que a canção busca. A estrada de volta para Atlanta, direto para Ray
Charles, é a dada a ele como sua dívida em "What Would I Do" com o
coro de volta, acompanhado por um piano deliberadamente inspirado na igreja.
Rompendo com sua prática pessoal de compor a faixa título em
suas gravações, "Grace" foi composta por Rose Cousins, com o
tratamento majestoso de Wright, com o coro retornando para um bis. Wright
contribui com sua romântica magia no standard
"Stars Fell On Alabama", enquanto "Every Grain of Sand" de Bob
Dylan é transportado para o lugar onde a poesia, country e blues derrete a
moldura ao sol. Há uma subcorrente de sensualidade evidente na voz de Wright, na
qual ela pode invocar espíritos, como ela faz em "Wash Me Clean", uma
balada de k.d. lang, convertida em uma comovente aspiração lamentosa. Ela coescreve
"All The Way Here" com Maia Sharp, uma lenda biográfica da chegada
das expressões onde ela esteve e que ela passou a estar, assim como o álbum vem
do começo ao fim.
Há poucas cantoras que estão confortáveis em uma variedade
de estilos, embora mantendo sua individualidade e qualidade no processo. Lizz
Wright pode tomar qualquer canção dentro de outra dimensão, ainda que ela
escolha com cuidado como se ela acreditasse firmemente na canção como
significante de mensagem e esperança. Sua voz tem uma espécie de ternura
qualitativa que é evidência de seu engajamento com a vida em alto plano
espiritual a partir do qual ela canta.
Faixas: Barley; Seems I’m Never Tired Of Lovin’ You; Singing
In My Soul; Southern Nights; What Would I Do; Grace; Stars Fell On Alabama;
Every Grain Of Sand; Wash Me Clean; All The Way Here.
Músicos: Lizz Wright: vocal; Jay Bellerose: bateria, percussão;
David Piltch: baixo; Chris Bruce: guitarra e violão; Marvin Sewell: guitarra e
violão; Kenny Banks: piano, Hammond organ;
Patrick Warren: teclados (3, 9, 10); Marc Ribot: guitarra (7); Valorie Mack: coro
(2, 5, 6); Cathy Rollins: coro (2, 5, 6); Artia Lockett: coro (2, 5, 6); Angela
Jenifer: coro (2, 5, 6); Sheree-Monique: coro (2, 5, 6); K. Heshima White: coro
(2, 5, 6); Ted Jenifer: coro (2, 5, 6); Kevin O’Hara: coro (2, 5, 6); Kenny
Banks, Sr.: diretor do coro (2, 5, 6).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte: James Nadal (AllAbouJazz)
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