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domingo, 24 de fevereiro de 2019

LIZZ WRIGHT – GRACE (Concord Music Group)


Reafirmando o ditado que o bom filho à casa retorna, Lizz Wright fez apenas isto. As canções em “Grace” refletem uma volta ao lar da herança sulista da cantora— um rito pessoal de passagem para juntar a inspiração e redefinir suas origens musicais. Ela revisita sua formação   rural na Georgia e as raízes gospel de Atlanta, e encontra conforto em seu lar atual em Asheville, Carolina do Norte. Tendo alcançado uma contínua distinção de fama e sucesso, ela articula a necessidade por humanidade, terrivelmente ausente em tempos com este.

Possuindo uma qualidade vocal objetiva e discernível, e reconhecida como uma intérprete excitante de qualquer canção que interpreta, desta vez Wright opta por um tema tradicional norte-americano, conduzido pelo hábil produtor Joe Henry, que prova ser uma sábia escolha para o projeto. Mantendo as naturais inclinações de Wright, há um senso inato de música que incessantemente marcou o espírito da comunidade negra, onde ela está culturalmente ligada desde os dias em que seu pai foi diretor musical de uma igreja.    

"Barley" é um blues acústico rítmico, que conjura imagens de uma terra cultivada no sul dos Estados Unidos vivendo com fé viva e sem vacilo. A icônica Nina Simone continua lançando uma magnetizante significação para cantoras contemporâneas, e Wright sente-se sob seu balanço remoto. Ela apresenta uma memorável versão de "Seems I'm Never Tired Of Lovin' You" de Simone, trazendo um impressionante coro da igreja de Atlanta sob a direção de Kenny Banks Sr., uma legenda gospel local. Eles vêm em torno de uma canção em tempo médio, e texturas vocais adicionam uma divina propensão ao resultado.

O tradicional gospel "Singing In My Soul", largamente associado a Sister Rosetta Tharpe, vem com uma cadência suingante, embelezado por guitarras elétricas entre um embaralhamento bento. A marcante, de Allen Toussaint, "Southern Nights", é recuperada para o córrego e fim de mundo de onde veio com Wright, de forma bem-sucedida, projetando a imagem bucólica que a canção busca. A estrada de volta para Atlanta, direto para Ray Charles, é a dada a ele como sua dívida em "What Would I Do" com o coro de volta, acompanhado por um piano deliberadamente inspirado na igreja.

Rompendo com sua prática pessoal de compor a faixa título em suas gravações, "Grace" foi composta por Rose Cousins, com o tratamento majestoso de Wright, com o coro retornando para um bis. Wright contribui com sua romântica magia no standard "Stars Fell On Alabama", enquanto "Every Grain of Sand" de Bob Dylan é transportado para o lugar onde a poesia, country e blues derrete a moldura ao sol. Há uma subcorrente de sensualidade evidente na voz de Wright, na qual ela pode invocar espíritos, como ela faz em "Wash Me Clean", uma balada de k.d. lang, convertida em uma comovente aspiração lamentosa. Ela coescreve "All The Way Here" com Maia Sharp, uma lenda biográfica da chegada das expressões onde ela esteve e que ela passou a estar, assim como o álbum vem do começo ao fim.

Há poucas cantoras que estão confortáveis em uma variedade de estilos, embora mantendo sua individualidade e qualidade no processo. Lizz Wright pode tomar qualquer canção dentro de outra dimensão, ainda que ela escolha com cuidado como se ela acreditasse firmemente na canção como significante de mensagem e esperança. Sua voz tem uma espécie de ternura qualitativa que é evidência de seu engajamento com a vida em alto plano espiritual a partir do qual ela canta.

Faixas: Barley; Seems I’m Never Tired Of Lovin’ You; Singing In My Soul; Southern Nights; What Would I Do; Grace; Stars Fell On Alabama; Every Grain Of Sand; Wash Me Clean; All The Way Here.

Músicos: Lizz Wright: vocal; Jay Bellerose: bateria, percussão; David Piltch: baixo; Chris Bruce: guitarra e violão; Marvin Sewell: guitarra e violão; Kenny Banks: piano, Hammond organ; Patrick Warren: teclados (3, 9, 10); Marc Ribot: guitarra (7); Valorie Mack: coro (2, 5, 6); Cathy Rollins: coro (2, 5, 6); Artia Lockett: coro (2, 5, 6); Angela Jenifer: coro (2, 5, 6); Sheree-Monique: coro (2, 5, 6); K. Heshima White: coro (2, 5, 6); Ted Jenifer: coro (2, 5, 6); Kevin O’Hara: coro (2, 5, 6); Kenny Banks, Sr.: diretor do coro (2, 5, 6).

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

 
Fonte: James Nadal (AllAbouJazz)

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