Nem todas notas para o CD— em cada primeira sentença—descreve
o artista em questão como “assustado com a morte e consequentemente transporta
para fora da sua cabeça” como ele “cambaleou no palco” no trabalho. É um erguer
de sobrancelha, inevitavelmente moldando o jeito de nós abordarmos a música. A
autora destas palavras é Laurie Pepper, cuja memória do seu falecido marido, o
saxofonista alto ArtPepper (ela foi a sua terceira esposa), foi subintitulada “Why
I Stuck With a Junkie Jazzman – Porque eu me prendi a um jazzista drogado, em
tradução livre”. Embora ela seja franca em relação ao estado físico e mental do
seu falecido marido, ela não está sendo sensacionalista, mas simplesmente
colocando as cartas sobre a mesa: O hábito de Pepper de se dopar é inseparável
da compreensão do seu trabalho, tanto quanto de Chet Baker, Billie Holiday ou
Charlie Parker e embora ele tenha tido um período de repercussão no verão de 77,
é instrutivo saber que o demônio nunca esteve tão longe.
Pepper, ela disse, foi sóbrio para o trabalho de Toronto, no
qual foi capturado neste 10º volume ao vivo, principalmente do seu
período final, embora também tome lugar um mês antes do “ardiloso” show no Village Vanguard descrito acima. Pode
qualquer um, o mais dedicado ouvinte discernir o chapado Pepper do “limpo”Pepper?
Talvez sim, talvez não, mas houve também outras circunstâncias modelando a
música. Por uma coisa, os shows de Nova York estavam sendo gravado para um
álbum ao vivo, e um muito nervoso Pepper foi suportado por um time de
incomparáveis pesos-pesados: George Cables, George Mraz e Elvin Jones. Na parte
canadense, a banda incluiu o pianista Bernie Senensky, os baixistas Gene Perla e
Dave Piltch, e o baterista Terry Clarke. Eles são músicos finos, cada um
apresentando mais que um acompanhamento capaz e solos sólidos para o
reconhecido saxofonista, mas os principais deles são Cables/Mraz/Jones. Apesar
da gravação tender a estar além do microfone do altoísta (as sonoridades em
geral são erráticas), a banda aqui guina a partir de uma tentativa, mesmo
perdida, às vezes, como se eles estivessem relutantes em aumentar a marcha para
completo vigor por temer um assustado Pepper.
O show “Toronto” não será uma ideia definitiva de alguém
sobre uma gravação de Art Pepper, mas nenhum está destroçado, considerando seu
estado volátil. “A Song for Richard”, a faixa de abertura, foi composta pelo
trompetista Joe Gordon, e Pepper dispende mais da primeira metade dos seus 17
minutos em um modo investigativo, ensaio de entonação e tempo, antes de passar
os holofotes para Senenskye Piltch.
Porém também é bastante confiante, mesmo isto é prematuro no
trabalho (Laurie nota que foi provavelmente a segunda música tocada), para
rapidamente saltar as coisas para um entalhe. Em duas faixas, “Long Ago and Far
Away”, seu solo é magnificente, furioso e audacioso. As seguintes “What Is This
Thing Called Love?” e “All the Things You Are”, a meio caminho, ele está em um
passo consistente, a banda está em perfeita sincronia e há mais que uma alusão
do flamejar, que frequentemente caracterizou o melhor de Pepper nas gravações
pelo solo Contemporary dos anos 50. À
la Rollins, “Samba Mom-Mom”, a penúltima faixa do trabalho, é bravio e
suingante. A entonação áspera de Pepper, como solista e como participante de
banda, e suas hábeis navegação do ritmo traz algo melancólico ao programa, embora,
aproximadamente, após três horas chegará ao encerramento.
Sem levar em conta, que Pepper não devia estar tão bem
farmaceuticamente naquela noite de Junho de 1977, e o que deve ter acontecido a
ele, breve, depois no Vanguard, marca o êxito dele em Toronto mais
frequentemente do que não.
Faixas:
CD1: A Song for Richard; Long Ago & Far Away; Here’s That Rainy Day; Blues
for Heard; What is this Thing Called Love. CD2: All theThings You Are; Band
Introductions; the Summer Knows; I’ll Remember April. CD3: Samba Mom Mom; Star
Eyes; Art Pepper Interview by Hal Hill.
Músicos: Art Pepper: saxofone alto; Bernie Senensky: piano;
Gene Perla/Dave Piltch: baixo; Terry Clarke: bateria.
Fonte: Jeff Tamarkin (JazzTimes)
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