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quarta-feira, 13 de março de 2019

STEVE LEHMAN - SÉLÉBÉYONE (Pi)




Na linguagem senegalesa de Wolof, a palavra “sélébéyone”, que inspirou o título do novo álbum do saxofonista Steve Lehman, significa “interseção”, ou um lugar onde duas coisas encontram-se e são transformadas outra vez. É uma adequada descrição do seu novo projeto, que une vozes da avant-garde do jazz, música eletrônica, hip-hop underground e rap senegalês sob a bandeira do intrépido experimentalismo musical. Em apoio a esta híbrida aventura, Lehman—que alcançou duas categorias de “estrela em ascensão”, em 2015, através dos críticos da DownBeat—junta-se a um movimento de músicos que estão expandindo as conversações entre jazz e hip-hop, uma venerável turma, que inclui Kamasi Washington, Thundercat e o rapper Kendrick Lamar. Porém, em “Sélébéyone”, Lehman leva o conceito a um passo adiante, elaborando um quadro sônico profundamente nuançado, no qual as letras dos rappers HPrizm (um valoroso integrante da cena do underground hip-hop de Nova York) e Gaston Bandimic (uma estrela senegalesa do rap em ascensão) comanda o desenho sonoro do álbum, resultando em uma estética que é emocionalmente bruta e conceitualmente meticulosa. Com canções que tocam em espectro diverso de tópicos – das realidades das discórdias do interior das cidades ao misticismo islâmico—o álbum intercambia, em sua maioria, com dissonâncias, sons sombrios e batidas duramente agudas, instigado pelas amostras fantasmagóricas do teclado de Carlos Homs, o baixo martelante de Drew Gress, a feérica bateria de Damion Reid e os diálogos esganiçados entre o saxofone de Lehman e Maciek Lasserre. A produção foi examinada com cuidados pictóricos pelo engenheiro do hip-hop, Andrew Wright, que ganhou Grammy pelo seu trabalho em Good Kid de Lamar em “M.A.A.D. City (Interscope) ”, e o álbum se beneficia do seu conhecimento.  Há uma furtiva urgência para “Are You In Piece”, com suas linhas aracnoides do saxofone, e uma errante incerteza para “Cognition”, uma tomada de soslaio do acid-jazz. A canção mais curta do álbum, “Geminou”, é também a mais agressivamente experimental de Bandimic e opõe-se contra um misterioso pano de fundo fraturado. É visceral e lancinante, uma destilação do conceito do álbum em menos de dois minutos. Se esta é a direção ao que jazz está sendo conduzido, Lehman, como sempre, está milhas à frente. 
 
Faixas

1 Laamb 6:07    
2 Are You In Peace? 5:57             
3 Akap  2:16      
4 Origine 4:49  
5 Cognition 5:52              
6 Hybrid 4:00   
7 Dualism 4:36
8 Geminou 1:31              
9 Bamba 6:19

Fonte:  BRIAN ZIMMERMAN (DownBeat)

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