Há um pequeno e especializado nicho do jazz, que tem sido
intrigante. Acontece quando instrumentistas de fora (frequentemente saxofonistas
e, frequentemente, quando amadurecem) decidem vir da seriedade e adotar uma
abordagem mais tradicional. David Murray, Archie Shepp, Pharoah Sanders e, mais
recentemente, Jon Irabagon são poucos exemplos. Chris Speed esteve ativo mais
para o meio da cena desde o início dos anos 1990, em bandas formidáveis como Human Feel e Bloodcount de Tim Berne. Com “Platinum on Tap”, ele está
incomumente suave, melódico e paciente. A faixa de abertura, “Red Hook Nights”,
é uma inédita (como todas à exceção de duas), porém poderia ser um standard. Soa como “In a Sentimental
Mood”. A entonação de Speed é suave. Ele interpreta a canção lentamente. Você
ouve sua respiração hesitante na palheta do seu saxofone tenor. Ainda dentro da
quietude há certo suspense, uma tensão, e isto torna este nicho especializado
do jazz é interessante. Quando estes artistas se comportam como eles mesmos,
você mantém-se esperando eles fracassarem.
Speed nunca o faz completamente, embora seja mais ousado, em
faixas mais intensas. Em “Arrival High”, “Crossface Cradle” e “Crooked Teeth”
suas ideias derivam de uma livre associação, em fluxo contínuo, sequência
contínua autoprolongada. Se ele quis vir de todos os caminhos interiores, Speed
não teria usado a mais rigorosa, aberta, e sem fio de formatos, trio de
saxofone (Dave King, um baterista excepcionalmente carismático, funciona como
um solista associado ao longo deste álbum). Assim, ele não teria escolhido
tocar uma peça de Albert Ayler, “Spirits”, uma fanfarra áspera e dissonante.
Ele, ainda, interpreta “Stardust”. Ele inicia no meio desta
melodia famosamente idiossincrática, a valida, e então cuidadosamente persegue
suas distantes implicações. Sua versão subestimada, medida e fragmentada
poderia só vir de alguém fora do olhar. Toma ânimo para reescrever “Stardust”.
Faixas: Red Hook Nights; Arrival High; Buffalo 15; Crossface
Cradle; Pretty Much; Crooked Teeth; Platinum on Tap; Stardust; Torking;
Spirits.
Músicos: Chris Speed: saxofone; Chris Tordini: baixo; Dave
King: bateria
Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)
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