
O que eles realizam é uma estonteante mistura do mundano e cerebral.
Parcialmente, isto rebaixa os fundamentos de Ortiz da complexidade rítmica de
sua ilha nativa, aliado ao seu clássico treinamento e apreciação da tradição do
jazz. Porém, também acerta na escolha de Chad Taylor para ocupar o banquinho da
bateria. Taylor, que primeiro obteve a atenção no Chicago Underground Duo (etc) com o cornetista Rob Mazurek, prova a
responsabilidade para encantar um balanço na provocação mais leve, mas também
infalivelmente explora o timbre e textura.
Isto vem ser mais evidente a partir de "Part 1:
Analytical Symmetry/Fractal Sketches" onde o som metálico da mbira de Taylor movimenta-se a partir do
ritual amplo da dança contagiante. Em seguida vem uma sequência de animações e
calmarias, construindo intensidade através de séries cativantes de
entrelaçamentos de modelos, que fariam Craig Taborn feliz, só por deslanchar via
minimalismo, antes de, outra vez, se lançar, com vigor renovado. Dentro desta
mistura há ainda tempo para um interlúdio em solo reflexivo, reminiscente do
cardápio do seu aclamado álbum “Cu(ban)ism (Intakt, 2017)”, e para o baixista Brad
Jones alternar--se entre a entonação melancólica e o flexível contraponto responsivo.
O trio repete o mesmo truque em "Part 2: Bass
Improvisation/Etude #6 Op 10/Open Or Close & The Sphinx", entretanto
desta vez os componentes materiais derivam-se das fontes tão aparentemente dessemelhante
como Chopin e Ornette Coleman. O solo introdutório de Jones segue dentro do
serpenteante acompanhamento musical, dobrado por Ortiz, e eles seguem para
outra excursão cativante. O pianista brilha aqui, no princípio dotando figuras
ajustadas com uma intensidade febril apenas incrementada pela independência de
suas duas mãos, então posteriormente ameaçadora com tensa batida de uma simples
nota sobre outro balanço alvoroçado. A concepção de Ortiz é firme para contar
onde Chopin encerra e Ornette começa, porém um final blueseiro é todo Coleman.
Após tais incitamentos, "Alone Together" oferece um
bálsamo refrescante, embora algo animador pelo investimento do arco suspirante
de Jones e respingos de gotículas cristalinas de Ortiz. Piano e baixo
estabelecem a melodia, com o fraseado de Jones apenas uma fração atrás do pianista,
para criar uma classe de prazerosa aura tocante do sabor restante. Ao final, Taylor
retorna à mbira para engendrar um deslumbrante
espectro, sentando perfeitamente atrás da suave pulsação de Jones e o piano de Ortiz
tintinando, mas também formando um satisfatório eco da abertura do disco,
encorajando um instante de reprise desta soberba performance.
Fontes: Part 1: Analytical Symmetry/Fractal Sketches; Part
2: Bass Improvisation/Etude #6 Op 10/Open Or Close & The Sphinx; Alone
Together.
Músicos: Aruán Ortiz: piano; Brad Jones: baixo; Chad Taylor:
bateria, mbira.
Fonte: John Sharpe (AllAboutJazz)
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