playlist Music

domingo, 21 de julho de 2019

ARUÁN ORTIZ TRIO – LIVE IN ZÜRICH (Intakt Records)


O pianista cubano, Aruán Ortiz, apenas segue de intensidade em intensidade no seu terceiro lançamento pela “Intakt”, embora seja o seu 12º. Embora a maior parte do repertório em “Live In Zurich” apareçam em álbuns anteriores, o que ele faz aqui através de dramáticas extensões e peças penetrantes juntas, não é nada pouco extraordinário. Este trabalho no Unerhört! Festival , na capital da Suíça, foi a última das duas semanas de sua excursão, e isto realmente exibe a firmeza do trio e a capacidade deles para negociar as passagens que Ortiz demanda, enquanto o faz parecer natural.
O que eles realizam é uma estonteante mistura do mundano e cerebral. Parcialmente, isto rebaixa os fundamentos de Ortiz da complexidade rítmica de sua ilha nativa, aliado ao seu clássico treinamento e apreciação da tradição do jazz. Porém, também acerta na escolha de Chad Taylor para ocupar o banquinho da bateria. Taylor, que primeiro obteve a atenção no Chicago Underground Duo (etc) com o cornetista Rob Mazurek, prova a responsabilidade para encantar um balanço na provocação mais leve, mas também infalivelmente explora o timbre e textura.

Isto vem ser mais evidente a partir de "Part 1: Analytical Symmetry/Fractal Sketches" onde o som metálico da mbira de Taylor movimenta-se a partir do ritual amplo da dança contagiante. Em seguida vem uma sequência de animações e calmarias, construindo intensidade através de séries cativantes de entrelaçamentos de modelos, que fariam Craig Taborn feliz, só por deslanchar via minimalismo, antes de, outra vez, se lançar, com vigor renovado. Dentro desta mistura há ainda tempo para um interlúdio em solo reflexivo, reminiscente do cardápio do seu aclamado álbum “Cu(ban)ism (Intakt, 2017)”, e para o baixista Brad Jones alternar--se entre a entonação melancólica e o flexível contraponto responsivo.

O trio repete o mesmo truque em "Part 2: Bass Improvisation/Etude #6 Op 10/Open Or Close & The Sphinx", entretanto desta vez os componentes materiais derivam-se das fontes tão aparentemente dessemelhante como Chopin e Ornette Coleman. O solo introdutório de Jones segue dentro do serpenteante acompanhamento musical, dobrado por Ortiz, e eles seguem para outra excursão cativante. O pianista brilha aqui, no princípio dotando figuras ajustadas com uma intensidade febril apenas incrementada pela independência de suas duas mãos, então posteriormente ameaçadora com tensa batida de uma simples nota sobre outro balanço alvoroçado. A concepção de Ortiz é firme para contar onde Chopin encerra e Ornette começa, porém um final blueseiro é todo Coleman.

Após tais incitamentos, "Alone Together" oferece um bálsamo refrescante, embora algo animador pelo investimento do arco suspirante de Jones e respingos de gotículas cristalinas de Ortiz. Piano e baixo estabelecem a melodia, com o fraseado de Jones apenas uma fração atrás do pianista, para criar uma classe de prazerosa aura tocante do sabor restante. Ao final, Taylor retorna à mbira para engendrar um deslumbrante espectro, sentando perfeitamente atrás da suave pulsação de Jones e o piano de Ortiz tintinando, mas também formando um satisfatório eco da abertura do disco, encorajando um instante de reprise desta soberba performance.

Fontes: Part 1: Analytical Symmetry/Fractal Sketches; Part 2: Bass Improvisation/Etude #6 Op 10/Open Or Close & The Sphinx; Alone Together.

Músicos: Aruán Ortiz: piano; Brad Jones: baixo; Chad Taylor: bateria, mbira.

Fonte: John Sharpe (AllAboutJazz)


Nenhum comentário: