Este David Torn é o mais eletrificado dos guitarristas de jazz
e isto se faz claro nos minutos da abertura de “Eye Meddle”, os três primeiros dos
20 minutos – saldo mais positivo das performances aqui. Antes mesmo da primeira
nota resoluta, há uma pulsação tamborilante realimentada do amplificador de
Torn, enquanto ao fundo há oscilações sampleadas entre duas notas como uma
insensata buzina. Com o salto da bateria de Ches Smith, tratado assim eles soam
como o estrépito da fábrica do mosaico de 1930, Torn continua a persuadir sons
estridentes e lamentações da sua guitarra, enquanto Berne, toca a mais alta das
elevadas harmonias, e apresenta assobios no pano de fundo como uma chaleira
impaciente de chá. É audacioso, imponente como um redemoinho de som, e ainda há
algo extravagantemente bem-vinda sobre suas melodias turbilhonadas e estridente
barulho. Lá deve ser ruidosoo, mas não há paixão, uma narrativa pacientemente
arqueada, e mesmo (sobre 12 minutos) que poderia passar por um balanço de dança.
Dado o caminho, funde-se elementos de ambiência eletrônica, saxofone
e barulho industrial, e é atraente assistir “Sun of Goldfinger” como o filho de
“Prezens”, a colaboração de Torn em 2007 com Berne, Craig Taborn e Tom Rainey
(Taborn aparece em uma faixa aqui, “Spartan, Before It Hit”). Porém, tanto
quanto eu admiro “Prezens”, a música em Goldfinger é mais variada e ambiciosa,
trazendo um senso quase sinfônico de escala para seu guincho hi-tech. “Spartan, Before It Hit” evoca
uma estonteante paisagem sonora eletroacústica, oferecendo momentos de
surpreendente delicadeza, tão bem quanto irrompe a descascada distorção da
guitarra. Nem há qualquer coisa irônica sobre o título “Soften the Blow”, o
movimento espreitando a altíssima lamentação de Berne dentro de um suavizante
caldo de eletrônica para criar a equivalência a uma lâmina da navalha sônica
enfaixada em algodão.
Faixas: Eye Meddle; Spartan, Before It Hit; Soften the Blow.
Músicos: David Torn: guitarra elétrica, live-looping, eletrônica; Tim Berne: saxofone alto; Ches Smith:
bateria, eletrônica, tanbou; Craig
Taborn: eletrônica, piano (2); Scorchio
String Quartet (2): Martha Mooke: viola/diretor; Amy Kimball: violino;
Rachel Golub: violino: Leah Coloff: cello; Mike Baggetta, guitarra (2); Ryan
Ferreira, guitarra (2).
Fonte: J.D. CONSIDINE (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário