playlist Music

sábado, 10 de agosto de 2019

ANDRÉ CARVALHO – THE GARDEN OF EARTHY DELIGHTS (Outside In Music)


André Carvalho nomeou “The Garden of Earthly Delights” após a pintura de Hieronymus Bosch do mesmo título, e a homenagem não termina lá. O detalhe forte deste tríptico medieval inspirado no baixista para criar uma suíte, que também reveste um amplo leque de humores, do suave ao sinistro, alternativamente, fluindo sem tempo e balançando firme. Se o conceito soa pesado ou ambição suscetível, importa não ter medo; a execução de Carvalho evita estas armadilhas.

Parte da fascinação vem da sua orquestração. A linha de frente consiste em Oskar Stenmark no trompete e Eitan Gofman e Jeremy Powel no saxofone tenor/flauta, que participa no clarinete baixo e saxofone soprano, respectivamente. Carvalho explora os instrumentos de sopro em singular mistura de sons, como na abertura de “Prelude” (que é atualmente uma peça completa), onde eles entram em camadas. A seção rítmica é completada pelo guitarrista André Matos e pelo baterista Rodrigo Recabarren, que frequentemente se entrelaçam em afiados acompanhamentos improvisados, que os instrumentos de sopro cuidam de ignorar até que o escrito traz cada um junto, frequentemente em nova assinatura. Matos aproxima-se de violento rock progressivo em “The Forlorn Mill”. Carvalho tipicamente trabalha como uma âncora, permanecendo ao fundo. Quando o baixista toma um solo lânguido em “Dracaena Draco”, ele toca em um modo tranquilo, com uma narrativa de qualidade similar a Charlie Haden.

Garden alterna entre os trabalhos completamente compostos e isto deixa campo para improvisação. “Evil Parade” tem Stenmark e Powell atacando em 5/4 e 6/8. “The Thinker in the Tavern” vem mais próximo de imaginar Bosch como uma paisagem sonora, com uma fanfarra de um rebobinamento de uma fita analógica, introduzindo uma melodia meditativa, que soa empenada e abrandada para metade da velocidade. Embora, o último quarto do álbum sugira a intensidade do álbum, que nós estamos indo para o apocalipse, o suave clarinete baixo e o trompete em “Phowa” encerram os procedimentos como uma canção de ninar ao final da jornada.

Faixas: Prelude; The Fools Of Venus; The Fountain; Dracaena Draco; Of Mermaids And Mermen; Cherries, Brambles And Strawberries; The Towers Of Eden; Evil Parade; The Thinker In The Tavern; The Forlorn Mill; Phowa.

Músicos: Oskar Stenmark: trompete, flugelhorn; Eitan Gofman: saxofone tenor (2, 4, 5, 10), flauta (3, 4), clarinete baixo (1, 7, 11); Jeremy Powell: saxofone soprano (1, 2, 4, 5, 10), saxofone tenor (6, 8, 11), flauta (5); André Matos: guitarra; André Carvalho: baixo, papel enrugado (9); Rodrigo Recabarren: bateria, percussão, bomba legüero.

Fonte: MIKE SHANLEY (JazzTimes)



Nenhum comentário: