O saxofonista tenor português, César Cardoso, tomou um passo
artístico para a frente com seu terceiro álbum, adequadamente chamado de “Interchange”.
Com a adição do rápido saxofonista alto, Miguel Zenón, o álbum eriça com
impressionantes texturas duais de saxofones e estratégias, assim como “7 E Tal”,
tecendo juntos e culminando em tema solo de sax. Onde a abordagem de Cardoso no
tenor move-se suave e astutamente entre voos articulados e meditativo lirismo
pós Ben Webster, as contribuições de Zenón, frequentemente, vêm espertamente
entalhadas em pleno voo.
Reconhecidamente, tão atrativos quanto os solos em “Interchange”
são, o líder mantém o foco na integridade musical da variedade do material
inédito. Ele também entende a importância do som coesivo, mantendo uma harmonia
próxima com o guitarrista Bruno Santos, com o baixista Demian Cabaud e o
baterista André Sousa Machado.
Modelado pelo contagiante alvoroço rítmico de “Interchange” e
a refinada pulsação soul-jazzy em 10/4 no encerramento de “1 De Abril ”, o
repertório das canções de Cardoso conduz a proeza de ser contemporâneo em
sentimento e pensamento, embora sendo melodicamente motivado. “Tarde”, uma
invenção em esquema sinuoso de bossa, vem a ser um veículo para o solo fluido de
guitarra de Santos — entonação limpa e pronta com um volume no pedal—e
“Ascending” assevera uma generosa personagem pós hard-bop.
Figura com métrica singular dentro de alternativas suingantes
e dinâmicas é utilizada em “May 1”, enquanto o tempo dissolve em uma ruminação
em rubato em “Tudo A Seu Tempo”. Este título traduz aproximadamente como “tudo
em seu devido tempo”, uma razoável crença fascinante em uma trajetória musical
para Cardoso.
Faixas: Interchange; Tarde; May 1; Reflexo; Ascending; 7 E
Tal; Red N Blue; Tudo A Seu Tempo; 1 De Abril (40:52)
Músicos: César Cardoso, saxofone tenor; Miguel Zenón, saxofone
alto; Bruno Santos, guitarra; Demian Cabaud, baixo; André Sousa Machado, bateria.
Fonte: Josef Woodard (DownBeat)
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