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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

LAURENCE HOBGOOD – TESSETERRA (Ubuntu Music)


 “Wichita Lineman” de Jimmy Webb gravado primeiro pelo cantor country Glen Campbell em 1968, vem a ser gradualmente um autêntico standard do jazz. Suas mudanças na melodia e acorde estão entre as mais belas na música de qualquer gênero e, em mãos mais hábeis — penso na versão de Cassandra Wilson de 2002 ou uma de 2013 da orquestra de John Hollenbeck— constitui arte mais devastadora. Agora, vem o pianista Laurence Hobgood, que ocupa os primeiros 12 minutos do seu novo álbum com uma interpretação magnificamente dolorosa, que combina seu trio com um quarteto de cordas.

Esta versão—como o resto de “Tesseterra”—requer grande perseverança. Os 67 minutos do álbum contêm apenas sete canções. Ouvindo, é uma experiência envolvente; é música para sentar-se tranquilamente com luzes apagadas, não para deslocamento em tráfego tipo “para e segue”. Músicas tomam tempo para se desenvolver; os temas dispendem muitos minutos revelando-se a si mesmos. As cordas introduzem “Wichita Lineman” sozinhas, de uma forma moderna minimalista que sugere Arvo Pärt. Em três minutos, Hobgood estabelece o tema familiar, e o baixista Matthew Clohesy e o baterista Jared Schonig unem-se com as cordas para criar uma adorável cortina para o estilo baladeiro de Hobgood.

A cellista Dorothy Lawson, o violista Ralph Farris e os violinistas Kip Jones e Carin Lee se apresentam proeminentemente em “Blackbird” dos Beatles, intercalando pizzicato e exuberância sobre os primeiros três minutos antes que o trio seja ouvido, e eles lideram o caminho em “We Shall Overcome”, transformando a canção de protesto folk, inflamando um clímax de uma peça central de um filme. As cordas servem um papel do jazz mais tradicional em “All of You”, quase desbotando atrás da agitada seção rítmica e em “Georgia on My Mind” eles atacam dramaticamente, ampliando o toque comovente de Hobgood. O tratamento mais surpreendente do álbum, o sucesso do The Police, “Every Little Thing She Does Is Magic” adquire um complexo arranjo para cordas, um ritmo considerado cuidadosamente e um passo mais lento. É uma reinvenção fascinante, mesmo um pouco doce.

Em suas notas para o disco, Hobgood afirma que ele considera “Tesseterra” um álbum de jazz em vez de um híbrido jazz/clássico. Porém, isto subvaloriza a realização. É uma reconfortante mistura de jazz, clássico e pop que não tem um nome outro, que não seja “música”.

Faixas: Witchita Lineman; Blackbird; Georgia On MyMind; Suite: Judy Blue Eyes; We Shall Overcome; All Of You; Every Little Thing She Does Is Magic.

Músicos: Laurence Hobgood: piano; Matthew Clohesy: baixo; Jared Schonig: bateria. ETHEL: Ralph Farris: viola; Dorothy Lawson: cello; Kip Jones: violino; Corin Lee: violino.

Fonte: STEVE GREENLEE (JazzTimes)

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