
As 12 faixas,
aqui, foram inspiradas, mais ou menos, por um recente retorno à sua nativa Cuba,
da qual ele saiu quando criança. Elas são um bordado de memórias pessoais, homenagens
culturais e, mesmo, alusões políticas—“Benjamin” refere-se a um personagem de Animal Farm (NT: A Revolução dos Bichos)
de George Orwell, todas explicadas em notas para aqueles que desejem
decodificar o programa. Porém, a parcela da música não é a narrativa. Ela
baseia-se em abstrações de humor, melodia e movimento, deixando o ouvinte inferir
o significado.
Almazan brinca
com dinâmicas mais do que o tempo, ocasionalmente em lentas e estabelecidas
escalas; outras vezes, em acentuado declínio e tensão. O efeito é uma montanha
russa de contrastes em tempo e intensidade, tocou com a abundância de uma
orquestra. A baixista Linda May Han Oh tece confortavelmente linhas para o
piano, frequentemente uma realização de um balanço cuidadoso contrapuntal, mas
que apenas um pequeno solo. Os diálogos deles em “Ella”, “Uncle Tío” e “Folklorism”
têm um cuidadoso equilíbrio.
Porém,
Almazan começa com um ímpeto não característico. “Benjamin” é um rápido, com
dedos bravios, passeio que sobe e desce no teclado. Executado em um rolamento
oscilante de precisas oito notas, destroçando poucos compassos por velozes
choques dissonantes, suínga com a formalidade revigorante de uma fuga.
“The
Everglades” é uma lagoa de suavidade, acordes líricos, varrido por ventos e
ondas no meio, e encerra como uma natureza-morta. “The Poets” é calmamente meditativo
sem tema vigoroso, então reúne peso e força antes de evaporar.
Onde há um
tema, inclina-se pela simplicidade. “Forklorism” balança modestamente para trás
e para a frente entre duas notas, mas encontra um fortíssimo poder de
redemoinho antes da resolução, para trás, dentro de um motivo minimalista.
O trio é
acrescido por um quarteto de cordas para “Bola De Nieve”, uma peça pré-Castro de
Carlos Varela. Sua intimidade de câmara move-se a partir de uma espécie de
sonata com graça ampla, arqueando colunas de autoridade e volta outra vez.
“Jaula”, uma homenagem a Nelson Mandela, tem as magníficas texturas de um
concerto de piano, que ocultam sua essencial simplicidade. Finalmente, após um
colossal 85 minutos, Almazan encerra com uma adorável surpresa. “Music On My Mind”
do grande pianista do Harlem, Willie “The Lion” Smith, transmite uma elegância
antiga de pura melodia, que parece, de primeira, fora do lugar. Porém, é apenas
o jeito de Almazan dizer que ele é um orgulhoso residente do Harlem.
Músicos : Fabian Almazan, piano; Linda May Han Oh, baixo; Henry Cole, bateria; quarteto de cordas (8).
Faixas:
Benjamin; The Everglades; The Poets; Ella; Songs Of The Forgotten; The Nomads;
Jaula; Bola De Nieve; Folklorism; Uncle Tío; Pet Steps Sitters Theme Song;
Music On My Mind. (85:32)
Para conhecer
um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:
Nota : Este é um dos 40 melhores álbuns lançados em 2019, conforme votação de críticos da JazzTimes.
Fonte: John
McDonough (DownBeat)
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