
Daniels, um gênio dervishe
rodopiante e balançante, conduz à admiração excitada: Sua entonação imaculada e
concepção em burburinho— conexa com Artie Shaw—soa tão moderna quanto o
vencedor do seu ganhador do prêmio Grammy, em 1988, “Memos From Paradise”. Como
Clark Terry, ele vira para as notas como um preciso comprimento de onda azul.
No saxofone tenor ele também se apresenta, e deslumbra com o estridente som de
cuíca, com o ácido vibrato de Stan Getz e clama empatia, tudo imperturbavelmente
musical.
A alegre interação entre membros do grupo mistura energia
mundana com aspirações de voo. Arranjos de Ted Nash e Kuno Schmid abre a
garrafa do gênio de Gismonti. Estas estórias contadas duas vezes atravessam
mares escuros, mágica tribal e paleta de natureza vívida, abarcando o batuque
da Amazônia, o samba do Rio e o frevo do carnaval.
“Lôro (Parrot)” voa leve sobre os ostinatos, cordas
suportam e o clarinete salta pelo prazer em “Baião Malandro (Badass Baião)”.
“Ciranda (Folk Dance) ” desdobra-se com uma lamentação dançante, liderando uma
frenética “Folia (Revelry)”.Uma fantasia arrepiante para bateria e um
desfiladeiro de palheta abre “Maracatú (Sacred Rhythm)”: Daniels veleja no alto
das oitavas misteriosas e pizzicato apaixonado.
Uma frente de seis faixas entra em ebulição com uma
energia rija, onde encontra o excelente entusiasmo do baterista Maurizio
Zottarelli; a segunda metade tece instrospecção profunda, assim como o pianista
Josh Nelson brilha em duo ágil (“Tango”) e estabelece o altíssimo e estrondoso retrato
de Daniels para os sem-teto em “Cigana (Gypsy Woman)”. A aura de Getz
incandesce brilhantemente em “Tango Nova (New Tango)” e Daniels com cordas
invoca“Focus” de Eddie Sauter em 1960 e
Nelson excursiona em fantástica luz.
A sonhadora “Adágio” lidera a chocalhante seção de cordas
e instrumentos de sopro em “Trem Noturno (Night Train)” e a calma autoconfiante
do jovem Rembrandt em “Auto-Retrato (Self-Portrait)”. Mais solos—como os voos
de Daniels e Nelson em “Chôro”—burilam esta jóia.
Glória ao produtor George Klabin, que realizou um sonho
de capturar “as experiências profundamente transportadoras de Gismonti”. Em
tempos divisionistas, deixe-nos alegrar quando o melhor dos dois mundos se
encontram.
Faixas: A Tribute To Egberto Gismonti: Lôro (Parrot);
Baião Malandro (Badass Baião); Àgua e Vinho (Water And Wine); Ciranda (Folk
Dance); Folia (Revelry); Maracatú (Sacred Rhythm); Adágio; Tango Nova (New
Tango); Chôro; Tango; Cigana (Gypsy Woman); Trem Noturno (Night Train);
Auto-Retrato (Self-Portrait). (77:08)
Músicos: Eddie Daniels, clarinete, saxofone tenor (3, 4,
8, 12); Josh Nelson, piano; Kevin Axt, baixo; Mauricio Zottarelli, bateria;
Ilmar Gavilán, Melissa White, violino; Jamey Amador, viola; Felix Umansky,
cello.
Fonte: Fred Bouchard
(DownBeat)
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