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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

EDDIE DANIELS - HEART OF BRASIL: A TRIBUTE TO EGBERTO GISMONTI (Resonance)


Heart of Brazil“Heart Of Brazil: A Tribute To Egberto Gismonti” celebra uma brilhante transformação erudita inicial da música brasileira dentro de uma estonteante suíte, sem emenda, para octeto com o veterano clarinetista Eddie Daniels e imensas contribuições de cordas do Harlem Quartet. As canções de Gismonti pré-ECM, dança, filme e peças de teatro (1972–87) respiram sob nova forma aqui, evocando a consciência de uma viagem sonhadora, profundo mergulho no mundo da música e excursões incansáveis no piano e várias guitarras. 

Daniels, um gênio dervishe rodopiante e balançante, conduz à admiração excitada: Sua entonação imaculada e concepção em burburinho— conexa com Artie Shaw—soa tão moderna quanto o vencedor do seu ganhador do prêmio Grammy, em 1988, “Memos From Paradise”. Como Clark Terry, ele vira para as notas como um preciso comprimento de onda azul. No saxofone tenor ele também se apresenta, e deslumbra com o estridente som de cuíca, com o ácido vibrato de Stan Getz e clama empatia, tudo imperturbavelmente musical.

A alegre interação entre membros do grupo mistura energia mundana com aspirações de voo. Arranjos de Ted Nash e Kuno Schmid abre a garrafa do gênio de Gismonti. Estas estórias contadas duas vezes atravessam mares escuros, mágica tribal e paleta de natureza vívida, abarcando o batuque da Amazônia, o samba do Rio e o frevo do carnaval.

“Lôro (Parrot)” voa leve sobre os ostinatos, cordas suportam e o clarinete salta pelo prazer em “Baião Malandro (Badass Baião)”. “Ciranda (Folk Dance) ” desdobra-se com uma lamentação dançante, liderando uma frenética “Folia (Revelry)”.Uma fantasia arrepiante para bateria e um desfiladeiro de palheta abre “Maracatú (Sacred Rhythm)”: Daniels veleja no alto das oitavas misteriosas e pizzicato apaixonado.

Uma frente de seis faixas entra em ebulição com uma energia rija, onde encontra o excelente entusiasmo do baterista Maurizio Zottarelli; a segunda metade tece instrospecção profunda, assim como o pianista Josh Nelson brilha em duo ágil (“Tango”) e estabelece o altíssimo e estrondoso retrato de Daniels para os sem-teto em “Cigana (Gypsy Woman)”. A aura de Getz incandesce brilhantemente em “Tango Nova (New Tango)” e Daniels com cordas invoca“Focus” de Eddie Sauter em 1960  e Nelson excursiona em fantástica luz.

A sonhadora “Adágio” lidera a chocalhante seção de cordas e instrumentos de sopro em “Trem Noturno (Night Train)” e a calma autoconfiante do jovem Rembrandt em “Auto-Retrato (Self-Portrait)”. Mais solos—como os voos de Daniels e Nelson em “Chôro”—burilam esta jóia.
Glória ao produtor George Klabin, que realizou um sonho de capturar “as experiências profundamente transportadoras de Gismonti”. Em tempos divisionistas, deixe-nos alegrar quando o melhor dos dois mundos se encontram.

Faixas: A Tribute To Egberto Gismonti: Lôro (Parrot); Baião Malandro (Badass Baião); Àgua e Vinho (Water And Wine); Ciranda (Folk Dance); Folia (Revelry); Maracatú (Sacred Rhythm); Adágio; Tango Nova (New Tango); Chôro; Tango; Cigana (Gypsy Woman); Trem Noturno (Night Train); Auto-Retrato (Self-Portrait). (77:08)

Músicos: Eddie Daniels, clarinete, saxofone tenor (3, 4, 8, 12); Josh Nelson, piano; Kevin Axt, baixo; Mauricio Zottarelli, bateria; Ilmar Gavilán, Melissa White, violino; Jamey Amador, viola; Felix Umansky, cello.

Fonte: Fred Bouchard (DownBeat)

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