Vindo nos calcanhares
do seu luxurioso projeto melódico de baladas, “Love Stone”, a agressão rude de
“Barracoon” sente-se como afiada virada à esquerda. Não que o tenorista JD
Allen tenha marcadamente mudado seu som ou estilo, mas ele dobrou o
questionamento, ritmicamente, no lado complicado do seu toque. Do seu
inflexível cromatismo do hard-bop
“Communion” para as cadências inspiradas por Coltrane da canção título, Allen explora
a profundidade, como se para arrancar cada possível guinada de cada mudança da
música.
Provavelmente, não há
prejuízo por completo com uma nova banda. Em vez disto, o baixista Gregg August
e o baterista Rudy Royston, que o suportou em “I Am I Am”, em 2008, “Barracoon” introduz Ian
Kenselaar no baixo e Nic Cacioppo na bateria, um time que empresta um
redemoinho contrapontual furioso na música. Cacioppo é ativamente impressionante,
sobrepondo polirritmias no caminho dos instrumentistas de sopro com grande
número de acordes, enquanto Kenselaar ocasionalmente passa do firme baixo
acústico para um baixo elétrico que em “Ursa Major” funciona como uma
secundária voz melódica.
Ainda, descrevendo
como os instrumentistas amplificam a intensidade, não exponha, inteiramente, o
impacto emocional do álbum. Nestas, tipicamente, gnômicas notas para o disco,
Allen deixa o ouvinte saber que parte do que é ouvido no álbum reflete a reação
do saxofonista para “o clima politico (no mundo inteiro)”, e não é difícil
fazer uma conexão entre a emoção fervilhante da canção título e a atual vida de
escravo recontado no estudo antropológico Barracoon:
The Story of the Last Black Cargo de Zora Neale Hurston. Para seu crédito, ainda
que, a maioria dos títulos de Allen não sejam tão óbvios, deixando o ouvinte decodificar
a narrativa emocional, e, ocasionalmente, exclamar, “G Sus!”
Faixas: Barracoon; G
Sus; The Goldilocks Zone; The Immortal (H. Lacks); 13; Beyond The Goldilocks
Zone; Communion; Eye Scream; Ursa Major; When You Wish Upon A Star. (59:27)
Músicos: JD Allen, saxofone
tenor; Ian Kenselaar, baixo, baixo elétrico; Nic Cacioppo, bateria.
Nota: Este álbum está relacionado entre os
40 melhores de 2019 conforme lista dos críticos da JazzTimes.
Fonte: J.D. Considine
(DownBeat)
Nenhum comentário:
Postar um comentário