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quarta-feira, 15 de abril de 2020

AMBROSE AKINMUSIRE – ORIGAMI HARVEST (Blue Note)


Esta deve ser a idade de ouro do jazz para composições de jazz com cordas.

Onde uma vez mais os violinos tiveram arranjos regados com tempero semi-clássico, álbuns como Mutations (ECM) de Vijay Iyer, The Inner Spectrum Of Variables (Pi) de Tyshawn Sorey e Alcanza (Biophilia) de Fabian Almazan têm realizado a noção da polinização da música de câmara com jazz, mas que algum sonho de Terceira Via. E com o audacioso e original “Origami Harvest”, o trompetista e compositor Ambrose Akinmusire leva a composição de jazz com cordas para um novo patamar.
Quando Akinmusire excursionou com o projeto “Origami Harvest”, antes da gravação, a música foi uma “mistura de jazz/rap/clássico” em parte para explanar a presença do rapper Kool A.D. e o Mivos String Quartet. Porém, a música em si, realmente, não costura o jazz, rap e clássico. Em vez disto, reutiliza elementos para criar algo notavelmente singular.

Dada a ambição eclética de trabalho inicial de Akinmusire, particularmente, o de 2014, “The Imagined Savior Is Far Easier To Paint (Blue Note)”, este não viria como surpresa. Porém, mesmo o excepcional poder deste trabalho não prepara completamente os ouvintes para a audácia do que vem.

Para iniciantes, Akinmusire conduz o sentimento para evocação do hip-hop sem um baixista, frequentemente, sem uma linha de baixo. Em vez disto, ele confiará em uma cadência rítmica a qual ele recorre —às vezes estabelecido, às vezes insinuado—ao longo do trabalho. Por instante, “Miracle And Streetfight” inicia com um ruidoso trabalho da bateria de Marcus Gilmore, no qual a pulsação básica da música transporta-se como uma clave. Quando o resto da banda apresenta-se, piano e acordes de cordas continuam a referência rítmica, enquanto Gilmore, Akinmusire e Kool A.D. trabalham com elaborações contrastantes. Por volta dos 15 minutos, o saxofone de Walter Smith III aparece, circulante e suplicante, simultaneamente desmoronando e observando por telescópio as ideias rítmicas. Isto é seguido por por um quarteto que expande o material, harmônica e ritmicamente, que passa para uma agitada e elegíaca conclusão, ancorada na linha pesarosa do trompete de Akinmusire.

E ainda, tão poderoso quanto o toque do trompete está aqui, separado da furtiva e sensível “Free White And 21”, Akinmusire, frequentemente, parece mais ser uma presença tanto quanto o instrumentista Gilmore, o pianista Sam Harris ou o quarteto de cordas. Onde seu gênio na maior parte, agudamente, é sentido na sua forma de compor, que não só apresenta uma riqueza de ideias, mas o organiza com vigor, ingenuidade e graça, e que faz esta colheita merecedora de agradecimento.

Faixas: The Lingering Velocity Of The Deads’ Ambitions; Free White And 21; Particle/Spectra; Americana/The Garden Waits For You To Match Her Wilderness; Miracle And Streetfight; A Blooming Bloodfruit In A Hoodie. (59:46)

Músicos: Ambrose Akinmusire, trompete, sintetizador (3), vocal (2); Kool A.D., vocal (4, 5, 6); Lumbrjck_t, vocal (3); Sam Harris, piano, teclados (5, 6); Michael Aaberg, teclados (6); Marcus Gilmore, bateria; Olivia De Prato, Lauren Cauley Kalal, violinos; Victor Lowrie Tafoya, viola; Mariel Roberts, cello; Walter Smith III, saxofone tenor (5).

Fonte: J.D. Considine (DownBeat) 

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