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sábado, 25 de abril de 2020

JOHN ESCREET – LEARN TO LIVE (Blue Room)


É fácil cair na armadilha de equacionamento dos teclados eletrônicos —particularmente sintetizadores—com pesados acompanhamentos improvisados fusion. Fazê-lo, entretanto, é para esquecer o avançado funk de Miles Davis das bandas dos anos 70, e nada a dizer sobre Sun Ra.
Nascido na Grã-Bretanha, o tecladista John Escreet não esqueceu nada disto, e com uma formidável linha dorsal com uma dupla bateria, um baixista sólido na batida do rock e dois solistas magníficos, ele está longe de conectar todos os pontos.

Sua banda movimenta-se alegremente entre suas estropolias com sintetizadores retrô, apresentando entonações—picos, apitos e ganidos— fora de moda desde o auge de Keith Emerson em lustrosa eletrônica, que mapeia o estalo da bateria de Eric Harland e Justin Brown. Quando ele se afasta de tudo, ainda que, Escreet apresente o vigor e escopo harmônico, pelo qual ele veio a ser conhecido como membro da banda de Antonio Sánchez.

Este vigor é essencial quando o líder vai frente-a-frente com Harland e Brown em “Global Citizen”, uma locomotiva surgindo, que se finalmente afasta para um minuto final de diálogo divertido entre Nicholas Payton e Greg Osby. “Smokescreen” que segue, inverte o modelo, passando de uma longa introdução no trompete para um rouquenho segmento free, apresentando Payton e Escreet. “A World Without Guns”, em tempo médio, estende a abordagem acústica, providenciando Osby com o palco para um solo particularmente atrativo, e “Test Run” providencia Escreet com sua melhor oportunidade para apresentar formidáveis talentos ao piano.

Uma vez mais Escreet conecta-se, ele está apenas bastante disposto a satisfazer sua curiosidade por décadas de sons antigos, agita “Opening”, que traz à mente a original Mahavishnu Orchestra com suas notas rápidas em arpejos sintetizados e um esquema à la Billy Cobham na bateria, e a peça título, que é preenchido com entonações sintetizadas da velha escola, que soará nova para alguns ouvintes e meramente irritantes para outros. O breve encerramento “Humanity Please” também é algo reminiscente de Alice Coltrane antenada através da era benvinda de Santana— cintilante sintetizador e piano elétrico com um novelo flutuante do saxofone por cima.

Um destaque do álbum, a pomposa “Lady T’s Vibe”, estabelece-se em algum lugar no meio, com abundantes e estalantes linhas do baixo de Matt Brewer, sutilezas eletrônicas, uma parte atrativa de piano elétrico e um trabalho deslumbrante do trompete.

Em mãos inexperientes, esta espécie de combinação de altos contrastes de explorações contemporâneas acústicas e eletrônica deve sair do dano binário, não agradando ninguém. Porém, o genuíno interesse de Escreet no final do espectro sonoro, o que é óbvio, é sua habilidade para trazer instrumentistas de alto impacto para realizer o trabalho.

Faixas: Opening; Broken Justice (Kalief); Lady T’s Vibe; Test Run; Learn To Live; A World Without Guns; Smokescreen; Global Citizen; Contradictions; Humanity Please. (67:28)

Músicos: John Escreet, piano, teclados; Nicholas Payton, trompete; Greg Osby, saxofone alto; Matt Brewer, baixo; Eric Harland, Justin Brown, bateria; Teresa Lee, vocal.

Fonte: James Hale (DownBeat)

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