Durante a vida de Prince, alguns críticos e fãs não
compreenderam o escopo de sua influência. É possível que a estatura do
multi-instrumentista Prince Rogers Nelson (1958–2016) aumentará durante este
século, especialmente se sua capacidade artística for visualizada como um fator
que modela o trabalho de futuras gerações de músicos. O giro de Gary Clark Jr.
no novo álbum, “This Land”, clarifica Prince (ao lado da sua influência, Marvin
Gaye) e lança uma longa sombra. Isto é evidenciado não apenas porque Clark
ocasionalmente canta em falsete e, em estilo de Prince, contribui na guitarra, no
baixo, teclados, percussão e programação para a diversidade do álbum aqui—mas
também porque ele elabora letras provocativas, revela a pura musicalidade das
suas produções e realiza tudo com confiante galhofa, que parece dizer, “Esta é
minha arte, eu não amaldiçoo o que os inimigos devem dizer sobre ela”.
Fãs casuais devem categorizar Clark com uma guitarra supremamente
premiada e potente vocalista de blues-rock, em estilo de outro texano com quem
ele foi comparado: Stevie Ray Vaughan (1954–1990). De fato, algumas canções
títulos neste “This Land”, tais como “The Guitar Man”, “I Walk Alone” e “Low
Down Rolling Stone” deve conduzir fãs a pensar sobre o sexto lançamento de Clark
pela Warner Bros. É um autêntico álbum de blues-rock, mas distante disto. Este
disco deliberadamente eclético — que inicia com uma lancinante faixa título
furiosamente impulsionada, que aborda o rascismo com letras que larga uma F-bomba
e Palavra-N e faz referência a estar “direto no meio do país de Trump”—
transmite que Clark não quer ser categorizado de qualquer modo. Neste longo
programa, todo original, Clark oferece plena reflexão sobre relações
interpessoais, ao lado de algum comentário sobre o estado do mundo. Elementos do
blues, hard rock, r&b, soul, hip-hop, rockabilly, punk e outros gêneros são
parte deste glorioso banquete de 15 canções (mais duas faixas extras). O álbum está
repleto com amostras e interpolações, e Clark sobrepõe muitas partes instrumentais
na maioria das faixas. A contagiante “Feelin’ Like A Million” é construída com
ritmos do reggae, a bateria circula em torno de canções de clubes de dança e
algumas linhas pungentes da guitarra. “Pearl Cadillac” (que Clark interpretou
em Saturday Night Live, gerando mais
que 250.000 visualizações no YouTube) tem uma vibração de Prince, e uma tradicional
música com sabor de blues, “Dirty Dishes Blues”, é colocada ao final do programa,
apenas antes das faixas extras.
Clark gravou a maior parte do álbum em sua casa em Austin, e
ele recrutou colaboradores, que também tem uma faixa gravada de mistura de
gêneros, incluindo a percussionista e o colaboradora de Prince, Sheila E., o
trompetista de jazz Keyon Harrold e o baixista/tecladista Mike Elizondo (cujo
extenso currículo inclui o trabalho com Eminem, Dr. Dre, Cassandra Wilson, Ry
Cooder, Ed Sheeran, Maroon 5, Muse and Mastodon). Um trailer do vídeo de “This
Land” inclui seu testemhunho sobre Prince: “Gary Clark Jr. tem tudo isto”. Segura,
esta hiperbole, é certamente alegre para ser escutada com a cabeça balançando
de um artista, que pode puxar diversos predecessores —B.B. King, Cream, Jimi
Hendrix, Curtis Mayfield, Tupac Shakur e D’Angelo—filtra estas influencias através
do seu próprio prisma enxarcado de blues, e cria um novo arco-íris sonoro.
Faixas
1 This
Land [Explicit] 5:41
2 What
About Us 4:30
3 I Got
My Eyes on You (Locked & Loaded) 5:11
4 I Walk
Alone 3:44
5 Feelin'
Like a Million 3:34
6 Gotta
Get into Something 3:04
7 Got to
Get Up 2:37
8 Feed
the Babies 4:46
9 Pearl
Cadillac 5:05
10 When
I'm Gone 3:48
11 The
Guitar Man 4:27
12 Low
Down Rolling Stone 4:18
13 The
Governor 2:21
14 Don't
Wait 'Til Tomorrow 4:05
15 Dirty
Dishes Blues 5:03
16 Highway 71 3:31
17 Did Dat 6:42
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao video
abaixo:
Fonte:
Bobby Reed (DownBeat)
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