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domingo, 23 de agosto de 2020

AL FOSTER – INSPIRATIONS AND DEDICATIONS (Smoke Sessions Records)


No papel, Al Foster retoma sua atuação como artista suporte, que faz a leitura melhor que outros bateristas de jazz. Ele gravou álbuns com Dexter Gordon, Art Pepper, Frank Morgan, Sonny Rollins, McCoy Tyner, entre vários outros. As chances são, aqueles que não são familiares com seu nome ou o ouviu em algum lugar e, pela primeira vez desde 2002, eles podem escutá-lo em “Inspirations And Dedications” como um líder.

Como o título sugere, o álbum é um lançamento algo autobiográfico. Com a duração de 66 minutos dividido em 13 faixas, o disco é longo sem ser inflado. O quinteto de Foster, um grupo com músicos de primeira linha, incluindo o trompetista Jeremy Pelt, o saxofonista Dayna Stephens, o pianista Adam Birnbaum e o baixista Doug Weiss. O grupo toca bem junto, oferecendo um som prazeroso, que impulsiona a extensão do álbum ao lado de um passo rápido, a consistência nunca permite uma calmaria. Em vez de apresentar algo fora do comum, cada música tem lançamento compacto, que contribui mais para a completude. Ao final, “Inspirations and Dedications” não é uma reflexão sombria de uma vida vivida, mas a celebração dela.

Oito das faixas anteriormente mencionadas são dedicações que tomam a forma de família. "Simone's Dance" e "Samba de Michelle" apresentam alguns dos mais pesados trabalhos de bateria nesta gravação, com um posterior trabalho suingante dos pratos. "Kierra" oferece uma suave e madura vibração, enquanto "Song For Monique" é uma nova composição, soando como se tivesse sido retirada do início dos anos 1960. Dayna Stephens lidera o grupo através de uma melodia cativante, enquanto Jeremy Pelt apanha uma oportunidade para solar. A agora clássica composição do baterista, "Bonnie Rose", que é um tributo para sua esposa por mais de 40 anos, recebe uma repaginada mais suave, liderada por Birnbaum e Weiss, contrastando completamente com o tratamento mais energético recebido em “Pure (Concord, 1994) ” de Chris Potter.

Foster e Birnbaum condensam a composição do baterista em 1997, "Brandyn", dentro de um breve prelúdio em dueto em "Our Son", uma elegia encharcada pelo filho que ele perdeu em 2017. Embora estas duas canções contidas em quatro minutos da duração do álbum, elas servem como um contrabalanço emocional para o resto de “Inspirations and Dedications”. O quinteto não remove seus golpes aqui, e a sinceridade deles empresta autenticidade na produção inteira.

A autorreferência ainda é humilde, Foster também compôs "Aloysius". A música inicia com um solo reflexivo da bateria antes de Stephens assumir a melodia. Escorando o álbum estão homenagens aos companheiros do baterista nos anos 80. "Cantalope Island" de Herbie Hancock abre os trabalhos, enquanto revisita "Jean-Pierre" de Miles Davis, com quem ele tocou no quinteto do trompetista vencedor do Grammy com “We Want Miles (Columbia, 1982) ”. A faixa final retém apenas o bastante da atitude original para ser um final agitado.

Al Foster não utiliza “Inspirations and Dedications” para solidificar sua posição como um dos legendários bateristas do jazz. Ele não precisa. Em vez disto, ele utiliza o álbum para homenagear sua História dentro do gênero. Seus amigos, sua família e seus colegas todos recebem tratamento, e agora mais que nunca, vem a ser evidente como é grande a amplitude da sua pegada.

Faixas: Cantalope Island; Ooh What You Do To Me; Simone's Dance; Samba de Michelle; Kierra; Douglas; Brandyn; Our Son; Song For Monique; Jazzon; Bonnie Rose- Aloysius; Jean-Pierre.

Músicos: Al Foster: bateria; Jeremy Pelt: piano; Dayna Stephens: saxofone; Adam Birnboum: trompete; Doug Weiss: baixo.

Fonte: Peter Hoetjes (AllAbouJazz)

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