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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

BRAD GOODE – THAT´S RIGHT! (Origin Records)


Com uma robusta e rica entonação, algo em algum lugar entre o trompetista clássico francês Maurice André e o flugelhorn de Chuck Mangione, Brad Goode tem o cartão para a última chamada de instrumentista de jazz: Um som imediatamente reconhecível. O fato é que ele também atua em registro alto como o rival Maynard Ferguson faz, Goode é um dos mais desconhecidos dos instrumentistas de jazz.

Reunido ao grande Ernie Watts no sax tenor e a uma sólida seção rítmica formada por Adrean Farrugia (piano), Kelly Sill (baixo) e Adam Nussbaum (bateria), Goode exibe-se como mestre absoluto do trompete em “That'sRight!”, com uma entonação consistente e impressionante variedade.

O que o mantém atrás é uma carência de músicas excelentes. Goode incluiu composições de cada instrumentista neste lançamento, mas fora a faixa de abertura, é uma reinterpretação (a joia de Harold Arlen, "Blues in the Night") e "I Want to Talk About You" de Billy Eckstine, que providenciam os mais fortes veículos para Goode e Companhia exibirem seus talentos. Na maior parte, as composições inéditas estão ausentes de temas memoráveis nos quais se constroem uma improvisação.

Em "Blues in the Night", Goode mostra sua habilidade com uma surdina, alcançando um sentimento clássico do suíngue—soando como uma jam session em torno de 1945 para a abertura do coro. Sua improvisação subsequente está firmemente dentro de um estruturalmente moderno modo post-bop, embora mantendo a tonalidade de um grande instrumentista de uma big band. O solo seguinte de Watts mantém esta interessante dicotomia do som do jazz clássico associado a um tema moderno bastante desconstruído. Os dois instrumentistas de sopro então se unem para revisitar o estribilho antes de intercambiar, e, então, favorecendo o rompimento para baixo, compartilhando a liderança. O otimismo vai um pouco do fim desapontado para um fim fabuloso, entretanto.

"I Want to Talk About You" encontra o instrumento de Goode surdinado, mas com mais modulação da abordagem de Miles Davis. Introspectivo e restrito, é um toque dos mais amorosos do lançamento de Goode. Ele acaricia cada nota, tocando seu trompete quase como sax tenor sax em cima de uma suave oferta a partir da seção rítmica.

Das inéditas, só "Half Moon" de Farrugia é, provavelmente, para ficar em sua cabeça. Após a abertura inteiramente harmônica de Farrugia, Goode pausa a abertura com uma brilhante fanfarra robusta em alto registro, com tão rica entonação como um flugelhorn. Watts então expande incrementalmente o tema, nunca se desviando muito longe da melodia deliciosa de Farrugia, antes de Goode e Farrugia reunirem-se para series adoráveis de solos e refrões.

"Perplexity", que as notas para o disco escritas por Neil Tesser indicam a ser a faixa favorita de Goode na gravação, inicia prometendo um tema interessante na abertura. Porém, o principal tema de Goode não é forte o bastante para manter a canção reunida nas numerosas interpolações da banda e reimaginações. Outra inédita de Goode, "Who ParkedtheCar?", tem mais ambição e melodia mais memorável, embora após brilhante abertura, Farrugia basicamente abandona o que poderia ser um solo final.

"A Sense of Fairness" de Sill inicia com Goode e Watts tomando uma condução compartilhada da harmonia, antes de Sillex mergulhar no tema com um extenso solo de baixo suportado pelo piano de Farrugia. Outra vez, o desafio para o ouvinte é que há que engajar a atenção com confiança. "WeThree" de Nussbaum sente-se similarmente abarrotada por uma ausência de tema imediato. O mesmo "Letter From Home" de Watts que reflete o seu lançamento de 2016,"Wheel of Time", é o que no mundo do rock seria descrito como um "preenchimento" de faixa.

Talvez a faixa mais interessante aqui é a do encerramento,"Jug Ain't Gone", composta pelo falecido Von Freeman como um tributo ao companheiro saxofonista tenor, Gene Ammons. Outra vez encontra Goode tocando seu trompete como um saxofone—mais atlético que muscular, mais flexível que agressivo. O solo de Farrugia aqui exibe mais fidelidade ao tema do que em outras faixas, e a própria extensa fuga de  Watts no saxofone tenor é uma homenagem esplêndida a Ammons e a Freeman.

Faixas: Half Moon; Regret; Perplexity; Blues in the Night; A Sense of Fairness; Letter from Home; We Three; Who Parked the Car?; I Want to Talk About You; Jug Ain't Gone.

Músicos: Brad Goode: trompete; Ernie Watts: saxofone tenor; Adrean Farrugia: piano; Kelly Sill: baixo; Adam Nussbaum: bateria.

Fonte: Jim Trageser (AllAboutJazz)

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