JAN GARBAREK / HILLIARD ENSEMBLE - REMEMBER ME, MY DEAR (ECM)

Há rica história sobre a parceria entre o saxofonista norueguês Jan Garbarek e o grupo vocal britânico The Hilliard Ensemble, a história que ressoa em cada nuance mais recente (e, nós presumimos, última) colaboração, “Remember me, my dear”.

Garbarek, David James (contratenor), Rogers Covey-Crump (tenor), Steven Harrold (tenor) e Gordon Jones (barítono) trabalharam juntos no imponente trabalho de 1994, o experimental “Officium” e “Officium Novum” de 2010. Como “Remember me, my dear”, radicais dissecações do início da música clássica destes álbuns e seu parente contemporâneo ressoam com harmonias sagradas, permitindo ao saxofonista e vocalistas planar como uma folha de som, no entanto agindo separadamente. Os auges do passado foram o foco— os cantos primitivos soam profundos, rolando no envelhecimento, com os instrumentos de Garbarek oferecendo melancólicos lamentos e assobios lúdicos, mas houve, também, um senso distante do agora. Se The Art Ensemble of Chicago não tomou já o slogan “antigo para o futuro”, Garbarek & Co. poderia tê-lo feito.

Gravado durante a última excursão deles em 2014 no Chiesa della Collegiata dei Santi Pietro e Stefano em Bellinzona, no cantão de Ticino na Suíça— brevemente antes da extinção do Hilliard Ensemble— “Remember me, my dear” não é radicalmente diferente do trabalho anterior. Porém, a atmosfera de monastério, que deu ao trabalho de estúdio em um frio abafado dentro de um clima aquecido.

Eles iniciam de forma suave com o levemente distorcido sax soprano de Garbarek e lidera o vento vocal de uma pregação, que é “Ov zarmanali”, então transforma a equação lateralmente na espirituosamente medieval, “Procurans odium”. Aqui, as brincadeiras do saxofonista com a respiração moderada da liderança do Hilliard em sua forma que é menos que um hinário, ainda que não menos majestoso. A tranquilamente invocação energizada que é “Agnus dei” vem a ser o que Brian Wilson chamou seu próprio álbum Pet Sounds, uma sinfonia a Deus que também faz um monólogo prazeroso de colaborativa música em si mesma.

Faixas: Ov zarmanali; Procurans odium; Allting finns; Litany; Dostoino est; Sanctus; Most Holy Mother Of God; Procedentum sponsum; Se je fayz deuil; Alleluia nativitas; O ignis spiritus; We are the stars; Agnus dei; Remember me, my dear.

Músicos: Jan Garbarek, saxofone soprano; The Hilliard Ensemble: David James, contratenor; Rogers Covey-Crump, tenor; Steven Harrold, tenor; Gordon Jones, barítono.

Fonte: A.D. AMOROSI (JazzTimes)