A evolução do New
Yor-Uba, com a síntese esmerada da pianista Michele Rosewoman do moderno jazz
e antigas tradições folclóricas Afro-Cubanas, tem sido uma jornada de
magnificência em câmara lenta. Três décadas completas após sua estreia em uma
semi big band em 1983, Rosewoman lança
sua primeira gravação, o disco duplo ao vivo da New Yor-Uba, “30 Years: A Musical Celebration of Cuba in America”, aclamada
pela crítica. Agora, seis anos depois, vem “Hallowed”, com Rosewoman oferecendo
apenas ligeiros refinamentos de um singular modelo da New Yor-Uba.
A joia da coroa aqui é “Oru de Oro” (“Room of Gold”), 10
músicas, em aproximadamente 48 minutos “uma suíte rítmica” contratada pela Chamber Music America. É amparada por batá drums, descrita por Rosewoman como
“a orquestra do templo Yoruba”, com material recriado da tradição pelo
folclorista Román Diaz. New Yor-Uba segue
a tradicional “seis mãos” de batá, três bateristas batendo a dupla face da bateria,
invocando o poder dos espíritos ancestrais. Ocasionalmente, a percussão assume
o centro do palco, mas, majoritariamente, providencia uma densidade em staccato
e sinuosidade, criando um robusto, ainda que maleável trampolim para os solos e
refrões de Rosewoman e quatro ou cinco instrumentistas de sopro. Rosewoman tritura
e galopa de forma reminiscente a McCoy Tyner, enquanto os instrumentos de sopro,
geralmente, tocam com reduzida entonação, uma mistura em alto calibre de postbop e jazz latino. Para apreciar seu
arco de ambição, importa suas passagens em força viva, e “Oru de Oro” é melhor
apreciada direto de lá.
Dois outros extensos trabalhos, durando aproximadamente 10
minutos cada peça, completam “Hallowed”. “The Wind Is the First to Know” é uma
coleção de canções tradicionais cantadas por Diaz e Nina Rodríguez, com a
arejada ambiência do Fender Rhodes de
Rosewoman, o instrumento dominante. Então há o balanço galopante de “Alabanza”
(“Praise”), que deu a Rosewoman o prêmio Grammy de compositora de jazz latino em
2016, quando apareceu em Afro Latin Jazz
Orchestra’s Cuba, “Conversation Continues”.
A fé permanente de Rosewoman nestes ritmos seculares, secretamente
transmitido por palavras para salvaguardar sua potencialidade, providencia New Yor-Uba com uma idiossincrática disciplina
similar a Zooid de Henry Threadgill
ou Five Elements de Steve Coleman. Com
estes grupos, ouvintes são ricamente recompensados pela marinação da música. A
história passada sugere que você terá a plenitude de tempo antes de outra
rodada passar a estar disponível.
Faixas: We
Need You Now; Mountain Sky, Healthy Sky; Forest Of Secrets; Color Crown;
Hallowed; Puntilla’s Gift; Two Bodies, One Heavenly Soul; The Heart Of It;
Flowers That Bloom In The Dark; There Is Here, Then Is Now; The Wind Is The
First To Know; Alabanza. (60:10)
Músicos:
Michele Rosewoman, piano, Fender Rhodes, vocal; Alex Norris, trompete,
flugelhorn; Román Filiú, saxofones alto e soprano, flauta; Stacy Dillard, saxofone
tenor; Chris Washburne, trombone, trombone baixo, tuba; Andrew Gutauskas, saxofone
barítono (11, 12); Gregg August, baixo; Robby Ameen, bateria; Román Díaz,
Mauricio Herrera, batá, congas, vocal; Rafael Monteagudo, batá, congas; Nina
Rodríguez, vocal (11).
Fonte: BRITT
ROBSON (JazzTimes)
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