“Esvazie sua mente”, Bruce Lee disse, celebremente (sob a
forma do seu amigo, o roteirista Stirling Silliphant). “Ser sem forma, disforme,
como água. Você coloca água em um copo, ela vem a ser o copo. Você coloca água em
uma garrafa, ela vem a ser a garrafa … Agora
a água pode fluir, ou ela pode ficar. Seja água, meu amigo”.
Christian Sands, usando estas palavras para introduzir “Be
Water I”, ata a metáfora ao longo do trabalho. Eu não posso ler a mente de Sands,
e a citação serve como condicionante para deliberação mental, mas se armou com Lee
para a filosofia do pianista/compositor no consumo da mixagem do álbum, misturando,
batendo e fluindo através e em torno de seus companheiros de banda e das ideias
de todos. “Be Water I”, em si, nos dá uma quietude, exceto seu vigoroso fluxo, sustentado
por Yasushi Nakamura no baixo e Clarence Penn na bateria; mas a “I” estabelece
“Be Water II”, que tem a elegância de uma valsa vienense, complementada por um
quarteto de cordas (arranjado por Miho Hazama).
O título “Sonar” alude a perscrutação além do líquido. Aqui,
Sands impulsiona para frente frequentemente, deixando Nakamura preencher os
intervalos e Penn fica de lado, ligeiramente, como se, secamente, divertido
pelos outros dois. “Drive” inicia diversos filetes, Sands testando a si mesmo
ao lado do guitarrista em obstinado staccato de Marvin Sewell, enquanto o saxofonista
Marcus Strickland está atento para permanecer modesto e suave o bastante, de
forma que você se inclina a ficar arrebatado pelo que ele está proferindo.
“Um bom artista guerreiro não veio a estar tenso, mas preparado”,
Lee expôs em “Enter the Dragon” (escrito por Michael Allin). “Não pensando, ainda
que não sonhando. Preparado para qualquer coisa que possa vir. E quando há uma oportunidade, eu não
golpeio.… sozinho”. Tome o
conselho da luta e transfira-o para uma aspiração de consciência coletiva:
Sands expande, ajusta, encontra forma de exploração, encontra validação.
Faixas : Intro;
Sonar; Be Water I; Crash; Drive; Steam; Can’t Find My Way Home; Be Water II;
Still; Outro.
Músicos:
Christian Sands: piano; Yasushi Nakamura: baixo; Clarence Penn: bateria; Marvin
Sewell: guitarras (#1,5,9,10); Marcus Strickland: saxofone tenor, clarinete
baixo (# 3,5,10); Sean Jones: trompete, flugelhorn (#3,10); Steve Davis:
trombone (#3,10); Sara Caswell: violino 1 (#8); Tomoko Akaboshi: violino 2
(#8); Benni von Gutzeit: viola (#8); Eleanor Norton: cello (#8); Bruce Lee: voz
(#3,8).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=VbOB1TFtY1Q
Nota: Este álbum foi listado, pela JazzTimes, como um dos 30 melhores
de 2020.
Fonte: ANDREW
HAMLIN (JazzTimes)
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