O manifesto do saxofonista tenor James Brandon Lewis,
impresso no encarte do álbum, apresenta a indisciplina como um movimento de
autenticidade e originalidade, empurrando a convenção e a mesmice de
conhecimento, profundidade e consideração para uma “existência de harmonia
anterior” sobre a superficialidade e pretensão. Seu quinteto tem uma boa visão sobre
a música através de intrigantes giros, intensos, impetuosos, imponentes e
espinhosos—ainda que seja bem-vindos em toda a parte. Unida na direção, a banda
espalha-se. A destreza segue em outras partes.
Lewis não renuncia a estrutura: Suas cinco peças longas,
aqui, são entremeadas com breves interlúdios. “Year 59 Insurgent Imagination” inicia
a gravação com um modelo amplo da guitarra, instrumentos de sopro entrando com
triste elegância. E, posteriormente, três partes de “Pillars”, evidentemente
excertos de um simples lançamento, recorre como ditames, ecos e memórias. O
plano de trabalho, emprestando contrastes, enquanto construindo o poder.
Porém, este não é um álbum conceitual. É um trabalho de instantaneidade
e engajamento. Sem mesmo referência improvisada para a espiritualidade, Lewis lidera
sua banda sob caminhos de ferocidade polifônica que Albert Ayler e John
Coltrane tomariam como transcedentes. Ele é mais secular. Paz, para Lewis, parece
ser um assunto de luta com temas do aqui e agora, uma estética fundamentada no
posicionamento similar a Archie Shepp ou Sonny Rollins.
Tendo lançado seis álbuns como líder—incluindo um conjunto
de duetos, em 2018, com o baterista Chad Taylor—desde sua estreia em 2010,
Lewis é admirado por seu som vigorosamente inconsciente e expressividade. Embora,
ignorando convenções e ideologias, ele abarca o legado de Ornette Coleman, tendo
estudado com Charlie Haden, e marca a influência em “Sir Real Denard” e “Haden
Is Beauty”. Atento a estas autoridades, Lewis voa longe, alto e vigoroso, lançando-se
a partir de temas arrojados, fortes balanços, formas em tom menor e ricos
acompanhamentos. Ele encoraja todos os envolvidos a explodir, modelando episódios
interiores, culminando em “Ascension” como “Escape Nostalgic Prisons”.
O trompetista Jaimie Branch, no primeiro álbum de Lewis que
apresenta outro instrumentista de sopro, permanece próximo dele, adicionando
gestos fanfarrões, berra, grita dentro de chamadas estridentes à la Don Cherry.
A seção rítmica, um poder para si, do anterior “No Filter” de Lewis. O baixista
Luke Stewart, enquanto estabelece a si mesmo, habilmente evocando o antigo
colaborador de Lewis, Jamaaladeen Tacuma, tão bem quanto Haden. O baterista
Warren Trae Crudup III preenche com uma trôpega guia a banda com suas ocupações
produtivas incintadoras. O guitarrista Anthony Pirog vem com incitantes planos
de fundo, efeitos selvagens e doces que conduzem (por instante, no fim de
“Notes”).
Para que nós não nos esqueçamos que o jazz foi forjado por
normas transgressoras, “An Unruly Manifesto” celebra as aspirações, complicações
e resultados de liberdade.
Faixas:
Year 59 Insurgent Imagination; An Unruly Manifesto; Pillar I: A Joyful
Acceptance; Sir Real Denard; The Eleventh Hour; Pillar 2: What Is Harmony;
Escape Nostalgic Prisons; Haden Is Beauty; Pillar 3: New Lived, Authority Died.
(46:06)
Músicos:
James Brandon Lewis, saxofone tenor; Jaimie Branch, trompete; Luke Stewart, baixo;
Warren Trae Crudup III, bateria; Anthony Pirog, guitarra.
Fonte: Howard Mandel (DownBeat)
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