No novo álbum de Marilyn Crispell, os músicos moldaram um
domínio sonoro temporário do inconsciente, e atravessaram através dele com
dedicação e curiosidade. A primeira metade de “Dream Libretto” tem cinco peças
de Memoria, a suíte de Crispell para
reflexões pessoais sobre perda. Seus apaixonados parentes da Segunda Guerra Mundial
existem em conjunto com falecidos da família e amigos de anos recentes, neste
espaço temporário que Tanya Kalmanovitch (violino) e Richard Teitelbaum (eletrônica)
criam ao lado da líder. Esta é uma realidade, sonoramente, rica e texturada com
a vasta e nuançada eletrônica de Teitelbaum. Sinos calorosos floridos dentro de
linhas do violino desvanecidas e entalhadas, densas camadas de sons
distorcidos, ecoando formações do piano, que reverberam em nuances. As
narrativas dentro das peças são fios, surpreendentemente, não lineares, desdobrando
suavemente a oferta inexplicável de giros ou desvanecendo dentro da escuridão. Tais
são as dissonâncias afiadas do arco do violino de Kalmanovitch contra os toques
dos timbres reluzentes de Crispell na “Part III” de Memoria.
A segunda metade de “Dream Libretto” consiste em sete
pequenas vinhetas improvisadas em duo de piano-violino. Aqui, Kalmanovitch e
Crispell respondem à riqueza de sonhos pesarosos desdobrada antes com uma calma
diversão, explorando sussurros, silencios e quietude. Os dois impulsionam um ao
outro criando muitos momentos melódicos que formam cada peça, como a linha curiosa
de “Unburying The Silences”, que insiste e repete a busca de resolução, e o
contraponto arrebatador, que se desdobra através de “Where Water Moves”.
Faixas: Memoria
(Parts I-V); Climb To A Whisper; Unburying The Silences; Dark Reflection; Where
Water Moves; Stones Remain Still; Walked Through To Sleep; Stars Visible And
Invisible. (47:51)
Músicos: Marilyn Crispell, piano; Tanya Kalmanovitch,
violino; Richard Teitelbaum, eletrônica (1-5).
Fonte: Tamar Sella
(DownBeat)
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