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domingo, 21 de fevereiro de 2021

MICHAEL MUSILLAMI AND RICH SYRACUSE – DIG (Playscape Recordings)

O guitarrista Michael Musillami e o baixista Rich Syracuse continuam seu engajamento com os titãs do mundo do jazz com “Dig”, uma homenagem a Bill Evans. Como os discos que o precederam, “Of The Night (Playscape, 2016)”, dedicado a Wayne Shorter e “Bird Calls (Playscape, 2017)”, homenagem deles a Charles Mingus, a abordagem do duo neste repertório apresenta reverência e imaginação, produzindo tratamentos que evitam, simplesmente, capitulações nas aberturas geniais das músicas de Evans com criativo escrutínio.

É notável que o álbum lidere com um par de canções não estejam, decididamente, as composições mais conhecidas de Evans. "C Minor Blues Chase" nunca foi gravada por Evans e "Twelve Tone Tune" apenas surgiu em “The Bill Evans Album (Columbia, 1971) ”, indiscutivelmente após seu auge anos depois. Porém, elas têm a característica da invenção harmônica e sutileza rítmica, que são capturadas maravilhosamente por Musillami e Syracuse. Os dois conversam em ávido diálogo, movendo do escrito das partes improvisadas continuamente, com bastante lirismo para lembrar-nos de Evans, mas ainda mantendo sua independência artística. A maravilhosa entonação de Musillami é, assim, fácil para os ouvidos que não devem ser acalentados, desse modo com vista a uma técnica de primeira classe e virtuosismo, que ele traz para o instrumento. E as correntes que fluem de Syracuse são vitais nas emocionantes trocas, que compõem "Twelve Tone Tune", trazendo à mente o original prodígio do baixo de Evans, Scott LaFaro, em sua habilidade em tocar com tal fluidez rítmica e liberdade melódica.

As músicas mais bem conhecidas aparecem depois, com "Blue in Green", "Nardis" e "All Blues" revelando a profunda reciprocidade entre Evans e Miles Davis, sendo que o último escreveu todas as três peças (talvez com a coautoria no caso de "Blue in Green", ao menos como reclamado por Evans). "Nardis" é a mais impactante das três, tocada inicialmente apenas com as mais tênues referências para a melodia da canção, conforme Musillami e Syracuse a desconstroem, maravilhosamente, a peça, o arco do baixo de Syracuse interagindo com as linhas espartanas de Musillami produzem uma atmosfera reflexiva antes do duo soltar a peça com algum suingue impetuoso, conforme a melodia plenamente emerge. Porém, isto não retira qualquer coisa da beleza cristalina de "Blue in Green" ou o balanço triturante de "All Blues", que é delicioso. Alguém pode narrar que Musillami, em particular, realmente desfrutou um pouco do suporte em "All Blues", exibindo um lado mais granuloso em seu toque, diferente do que encontrado no álbum.

"How My Heart Sings" de Earl Zindars é outra marca registrada de Evans, com a melodia memorável da canção dando uma fiel aderência com uma interpretação animada, que dá aos instrumentistas amplo espaço para o solo, mesmo ainda sob quatro minutos, sendo a faixa mais curta do álbum. E, finalmente, com "Bill's Hit Tune" nós temos a conclusão com mais uma música pouco conhecida de Evans, e o rico trabalho do arco de Syracuse, graciosamente, anuncia o tema carregado de emoção conforme o duo conclui o álbum com sua devoção calorosa,e sincera, para um dos maiores artistas do jazz.

Faixas: C Minor Blues Chase; Twelve Tone Tune; Blue in Green; Nardis; All Blues; How My Heart Sings; Bill’s Hit Tune.

Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)

 

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