Matthew Shipp chegará aos 60 anos em Dezembro e há álbuns—
como solista, líder e acompanhante (mais notavelmente com o extinto quarteto de
David S. Ware) —documentados em sua carreira por mais da metade de sua vida. No
entanto, é duro pensar nele como um “instrumentista mais velho”, porque sua abordagem
para espetáculos de piano não sinaliza complacência que pode vir com a idade. Se
há alguma coisa, Shipp tem refinado a energia de seu trabalho mais cedo e
aperfeiçoou uma das mais distintas vozes ao piano atualmente.
“The Piano Equation” é o primeiro lançamento na Tao Forms, um selo fundado pelo
baterista Whit Dickey, um antigo colaborador de Shipp. Estas 11 faixas foram
criadas espontaneamente e apresenta uma incrível clareza de pensamento conforme
se desdobra e se expande. Shipp nunca se perde por falta de ideias, nunca toma
um pensamento e flerta com ele. Uma pulverização de notas dissonantes em “Void
Equation” poderia ter produzido um balanço anguloso, mas o pianista descarta-o
rapidamente conforme ele o introduz, usando a energia para impulsionar outra
direção. Algo similar acontece em “Radio Signals Equation”, mas Shipp retorna
aos seus temas, adicionando variações de cada vez. Como em “Void Equation”,
“Swing Note from Deep Space” inicia com uma subcorrente de ideias hard-bop ao piano. Se elas não são
interpretadas em forma plena, elas podem ser sentidas apenas abaixo das camadas.
Enquanto Shipp está, ainda, perfeitamente em casa martelando
os acordes em registro mais baixo, a sensibilidade, também, é determinante
neste trabalho. Ele usa os registros mais altos em “Land of the Secrets” para
uma melodia que inicia em estilo, relativamente, suave. “Piano in Hyperspace” merece
seu título, sugerindo uma contemplação reflexiva dentro de um vasto espaço.
É bom saber que Matthew Shipp não exibe sinal de amaciamento.
Faixas: Piano
Equation; Swing Note From Deep Space; Piano In Hyperspace; Vortex Factor; Land
Of The Secrets; Void Equation; Tone Pocket; Clown Pulse; Radio Signals
Equation; Emission; Cosmic Juice.
Nota: Este álbum foi considerado, pela JazzTimes, um dos 30
melhores álbuns lançados em 2020.
Fonte: MIKE
SHANLEY (JazzTimes)
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