Com “Lines In The Sand”, Antonio Sanchez soa uma chamada
não só para ação, mas também a aciona. Fortificado pelos talentos da sua banda Migration, o baterista/compositor analisa
a revolução com a pulsação do jazz, organizando avatares sonoros através de uma
montagem da brutalidade da polícia e protestos. Sobre uma delicada cama do Fender Rhodes de John Escreet, a suíte
em três partes de Travesía desembaraça
suas políticas em um balanço perseverante. Como uma floresta intensamente
coberta, proporciona ocasionais raios de luz para marcar o caminho. Como a
bateria anuncia a si mesma, estando plenamente presente, o saxofonista tenor
Chase Baird e a vocalista Thana Alexa atua através da folhagem, preenchendo uma
promessa de claridade.
Por outro lado, o álbum possui duas partes da faixa
título: um testamento épico para memorizar, dando profundidade fotorrealista nas
intensas pinceladas sem palavras do vocal de Alexa. Célula por célula, constroi
a partir do chão, ancorada pelo baixista Matt Brewer. Antes disto, a banda
viaja em “Long Road”, ao lado da estabilidade de Sánchez como no suporte que
faz a Pat Metheny. Enquanto se compartilha o sentimento de viagem do álbum, uma
sombra de cobertas mais escuras estão no caminho à frente. Em vez de idealizer
a paisagem, Sánchez encontra deturpação nas viradas como uma pedra lançada em
um rio, até ser suavizado em algo belo e humano. Nas faixas que seguem, ele
encontra maior urgência, tocando com propósito narrativo. A canção “Home” com
letra de Alexa, planta esperança entre harmonias tectônicas. Ela elabora um
senso de pertencimento na solidão, e parece entender que o corpo está começando
e findando. Se pode sobreviver à noite, ela parece dizer, pode saudar o dia,
renovado.
Faixas: Travesía
Intro; Travesía (Parts I-III); Long Road; Bad Hombres Y Mujeres; Home; Lines In
The Sand (Parts I-II). (69:43)
Músicos: Antonio
Sanchez, bateria, vocal, teclados; John Escreet: piano, Fender Rhodes, Prophet synthesizer; Matt Brewer: baixo;
Thana Alexa, vocal; Chase Baird: saxofone tenor, EWI; Nathan Shram, viola
(2); Elad Kabilio: cello (2, 3).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=pH3-RuEmi6I
Fonte: Tyran Grillo (DownBeat)
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