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sábado, 17 de abril de 2021

BENOîT DELBECQ - THE WEIGHT OF LIGHT (Pyroclastic)

Na vasta história do piano no jazz, tem havido poucos pianistas que soam como ninguém mais. Um é Benoît Delbecq. Por alguém, ele oferecerá novos estímulos intrigantes. Por outros, ele apresentará insuperáveis barreira para entrar. Uma terceira categoria de ouvinte, que inclui seu presente correspondente, experimentará reações oscilando entre curiosidade e alienação.

Delbecq é um investigador cujas preocupações são intelectuais, austeras e enigmáticas. A capa do álbum é um desenho de um móbile porque, de acordo com as notas para imprensa, Delbecq “começou reconhecendo como pendurando móbiles, que exercem influências sobre seu relacionamento com a música e … expressão artística”. Ele é também motivado pela matemática e arquitetura.

Assim, o que faz a música soar como inspirada por tais fontes, antes que por mais convencionais formatos, digo, amor humano e perdas e esperanças? Soa como constelações de imagens auriculares, aleatorizadas, sem os princípios vinculativos de contexto harmônico, lógica melódica e movimento temporal. Em vez da continuidade há proximidade. Notas nuas grasnam e badalam no espaço. Delbecq usa piano preparado para criar “loops – NT: laços” de faixas com ritmos repetidos. É uma decisão audaciosa na música que já arrisca na monotonia e imobilismo.

Em certos momentos, em peças como “Dripping Stones” e “Au Fil de la Parole”, Delbecq encontra efeitos análogos a pinturas abstratas. Separada da representação, a música vem a ser o som em si mesmo, como uma pintura pode vir a ser cor pura. Porém, para seu, evidentemente, correspondente esforço presente, a única faixa verdadeiramente exitosa é a final, “Broken World”. “The Weight of Light” foi gravada em Março de 2020 como se o mundo estivesse sendo desligado. Em “Broken World”, Delbecq abandona a abstração subjetiva e liga sua música a eventos externos, em acordes parcialmente melancólicos e melodias fragmentadas, separadas pelo silêncio. Talvez, apenas operadores independentes como Delbecq sejam capazes de interpretar a estranheza e a desolação pandêmica.

Faixas : The Loop of Chicago; Dripping Stones; Family Trees; Chemin sur le crest; Au fil de la parole; Anamorphoses; Havn en Havre; Pair et impair; Broken World.

Fonte: THOMAS CONRAD (JazzTimes)

 

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