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sábado, 3 de abril de 2021

IMMANUEL WILKINS - OMEGA (Blue Note)

 Quando esta resenha está sendo escrita, as ruas da América estão fervilhando com pessoas de todas as raças protestando contra as mortes de George Floyd e Rayshard Brooks pela polícia e proclamando que Black Lives Matter (NT: Vidas de Negros Importam). Immanuel Wilkins realiza “Omega” antes destas mortes terem ocorrido, mas estas preocupações não estão ausentes, usando outros exemplos do pesadelo da história racial estadunidense. Duas faixas subtituladas de “An American Tradition” são “Ferguson” e “Mary Turner”. Turner estava grávida de oito meses quando foi linchada, de cabeça para baixo, na Geórgia em 1918.

Tal tema geral é muito da tomada de um saxofonista de 22 anos. Wilkins está pronto. Jason Moran, que produziu “Omega”, disse algo verdadeiro: “Immanuel … mistura tradições em um caminho que apenas sua geração sabe como fazer”. Wilkins nem é direto nem avant-garde. Ele opera em uma fértil zona nova. Seu limite lírico retorna a Charlie Parker e segue para Ornette Coleman e além. Seus talentos são eletrificados. Seu alcance tonal estende-se da suavidade e sensualidade para ser abrasador e rústico, frequentemente no mesmo solo.

A faixa para Mary Turner é um ato notável de imaginação. Em quatro minutos, Wilkins retrata a atrocidade com quase insuportável vivacidade, das tentativas de Turner para livrar-se (em figuras circulares) do seu terror (em chamadas através de um saxofone mais alto que a bateria ameaçadora) para os espasmos da morte de Turner e sua criança que não nasceu (com gritos rouquenhos do saxofone e erupções violentas da banda).

Todo o rico material de “Omega” foi composto por Wilkins. Suas peças são cuidadosamente ordenadas, mas contém aberturas para espontâneas invenções. A peça-central do álbum é uma suíte dividida em quatro partes. “The Key”, “Saudade”, “Eulogy” e “Guarded Heart” movem-se através de muitos modos de emoção, elevados através de contemplações enlevadas, celebrações selvagens, desdobramentos melódicos graciosos e golpes de paixão.

Os expressivos colaboradores jovens de Wilkins são o pianista Micah Thomas, o baixista Daryl Johns e o baterista Kweku Sumbry. Lembre destes nomes.

“Omega” é a estreia mais importante de uma gravação de jazz em anos.

Faixas : Warriors; Ferguson-An American Tradition; The Dreamer; Mary Turner- An American Tradition; Grace and Mercy; Part 1: The Key; Part 2: Saudade; Part 3: Eulogy; Part 4: Guarded Heart; Omega

Músicos : Immanuel Wilkins: saxofone; Micah Thomas: piano; Daryl Johns: baixo acústico; Kweku Sumbry: bateria.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=L8HxRW0PE74

Fonte: THOMAS CONRAD (JazzTimes)






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