Keith Jarrett—cujo recente anúncio
de que sofreu dois ataques debilitantes em 2018 lança severa dúvida sobre a
probabilidade da sua performance outra vez—é quase uma gravação, que diz o que
ele agora considera o novo “Budapest Concert”, gravado na capital húngara em 2016,
o “padrão-ouro” entre seus álbuns solo ao vivo. Para que um ouvinte se
surpreenda, o pianista realiza este recital particular para ser mais que merecedor
do que o seu trabalho em Munique (2016), tirado da mesma excursão e lançado um
ano atrás, ou, por assim dizer, do seu histórico “The Köln Concert” de 1975?
Virtualmente todas os lançamentos solo de Jarrett têm uma abordagem impecável,
uma extraordinária façanha considerando que ele assume o mesmo risco cada vez
que ele adentra a uma sala de concerto, envolvendo-se em pura improvisação e
confiando em seus impulsos criativos. É Budapest verdadeiramente o pináculo, ou
está Jarrett apenas respondendo a emoção do novo? Quem sabe, mas ele está no
ápice com o seu melhor, que é o bastante para lhe dar segurança.
Assim como o concerto de Munique, e
outras numerosas gravações solo, algumas datando de, aproximadamente, meio
século, Jarrett os registra com os títulos, em vez da repartição de sua suíte em
espontâneas criações em “partes”: Há 12 delas em “Budapest Concert”, variando
em extensão de apenas 3 minutos a aproximadamente 15. Cada parte é apresentada
como um movimento distinto e uma essencial fatia da torta completa. Cada uma
transpira sua própria personalidade, mas há algum manifesto em si, naturalmente,
de forma mais convincente.
“Part I”, a faixa mais longa dos
dois discos, apresenta o mais amplo alcance de matizes, tempos e complexidades:
um momento ilusoriamente simples, o próximo é um floreio distorcido de notas, é
um percurso bravio. “Part VII”, a primeira faixa entregue para um serviço de streaming como uma prévia, é linear,
serena e acessível. Apenas uma das 12 partes, a última, recebe um subtítulo— “Blues”—e
isto é precisamente o que é, um jubiloso, feericamente tocado, um livre e
irônico boogie-woogie e uma surpresa
bem-vinda. Os dois números bisados, as composições emprestadas “It’s a Lonesome
Old Town” e “Answer Me”, que apareceram em “Munich 2016”, são bastante
abençoadas, seguramente, mas sendo apenas ouvida no estilo “rock de
restaurante” de Keith Jarrett, um pouco decepcionante.
Faixas
CD 1
1 PART I
14:42
2 PART
II 06:54
3 PART
III 08:10
4 PART
IV 07:35
CD 2
1 PART V
05:13
2 PART
VI 03:52
3 PART
VII 05:45
4 PART
VIII 05:35
5 PART
IX 02:42
6 PART X
08:40
7 PART
XI 05:54
8 PART
XII – BLUES 04:04
9 IT’S A
LONESOME OLD TOWN (Harry Tobias, Charles Kisco) 08:01
10 ANSWER ME (Gerhard Winkler, Fred Rauch) 04:55
Nota: Este álbum foi considerado, pela JazzTimes, como um dos 30 melhores lançados em 2020.
Fonte: JEFF TAMARKIN (JazzTimes)
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