Levou aproximadamente 20 anos para o saxofonista tenor, George
Coleman, trazer seu quarteto de trabalho (apresentando o falecido pianista
Harold Mabern, em uma de suas sessões de gravação, ao lado do baixista John
Webber e do baterista Joe Farnsworth) para um estúdio. Este tempo de espera é a
única queixa real sobre “The Quartet”. É um álbum tradicional, criado por um
octagenário que, a despeito de ser um NEA
Jazz Master, permanece subvalorizado em sua grandeza.
A grandiosidade é, seguramente, a única palavra aplicável ao
instrumentista através desta tomada com toque de samba em “I Wish You Love”.
Coleman excursiona dentro do fantástico brilho, tramando suas frases cuidadosa
e concisamente, sempre atento na batida, mas deslizando para frente e para trás
conforme cada frase dita. Por todo seu toque luminar, no entanto (aqui tão bem
quanto nas peças mais suaves, como em “You’ve Changed”), ele também aplica um
rude resmungo para afiar sua entonação. Na introdução de “You’ve Changed”, ele mesmo
ajusta os resmungos dentro da dissonância, fracamente lamenta-se à la avant-garde. É um aviso que, mesmo
assim, ele pode retrair-se, Coleman, todavia, arranhou.
Eles nunca, completamente, adotam todas as soluções, embora
uma parte delas estejam expostas em, espontaneamente composta, “East 9th Street
Blues”. Ele, ainda, emite frases criteriosamente (embora não por ausência de
ideias: o solo do tenor compreende 17 estribilhos), mas pontua com guturais
gemidos, guinchos e mesmo alguns grasnados depressivos. Esta mesma entonação,
entretanto, também se exibe como a química de Coleman, com sua banda, é crucial
para a magia. Os acentos explosivos de Farnsworth vêm a ser a proteção que
segura o sax, e o baixo de Webber providencia o contorno (que faria ainda
melhor na faixa de encerramento, “Triste”).
Em particular, o relacionamento de Coleman com Mabern, seu
companheiro de Memphis e seu colaborador de 70 anos, é glorioso. O pianista se
transforma mais que o saxofonista e linhas mais lineares na conversação. Ele
também faz suas próprias inflexíveis sucessões de acordes em “Paul’s Call” ,
que soa adequado às exposições de Coleman, e ele aborda a desenvolta “Prelude
to a Kiss” com a energia de um dueto divertido.
Faixas:
Paul’s Call; I Wish You Love; Prelude To A Kiss; Lollipops And Roses; East 9th
Street Blues; When I Fall In Love; Along Came Betty; You’ve Changed; Triste.
(73:25)
Músicos:
George Coleman, saxofone tenor; Harold Mabern, piano; John Webber, baixo; Joe
Farnsworth, bateria.
Fonte: MICHAEL
J. WEST (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário