Astark, preto e
branco, uma foto distante da Estátua da Liberdade; títulos das composições que
refletem crises de infraestrutura e racismo sistêmico e uma tensão fundamental
ao longo da música; todos estes elementos sugerem que “Uneasy”, o álbum do novo
trio formado pelo pianista Vijay Iyer, pela baixista Linda May Han Oh e pelo
baterista Tyshawn Sorey, poderia ser o definitivo trabalho político neste ano. Porém,
descrevendo esta gravação —a primeira deste grupo e o primeiro trabalho em trio
de Iyer desde “Break Stuff” de 2015 —como meramente política seria
dolorosamente reducente. Embora faixas como Black
Lives Matter- inspirado por “Combat Breathing”, que Iyer primeiro apresentou
em 2014, ou sendo mostrado na microssuíte “Uneasy” para corporificar a
turbulência da última década, o trio está perseguindo algo maior aqui.
Esta atividade está próxima da busca do potencial de nova colaboração,
em passo de marcha com o merecedor do Nobel de química, que Iyer, Oh e Sorey
demonstram. Tomam “Combat Breathing” outra vez. A peça começa com staccato com
frases curtas repetidas por parte de Iyer, então surgem crescendos e escaladas
como alguma grande torre da antiguidade, suas mãos deslumbram grandes extensões
do teclado em seu máximo. Como toque descendente de Iyer, ele encontra balanço
confortável com Oh, enquanto Sorey os acelera a partir do conjunto; os dois
espelham outras frases repetidas até ela iniciar, variando a melodia. A forma
do solo de Oh, envolve, então, este momento, com a variação da dinâmica do
grupo, permitindo florescer, sentir-se orgânico e conversacional. Evoca os
ideais de música criativa: não apenas tomando volteios, mas usando seu próprio
estímulo.
Oito das 10 faixas do álbum são originais de Iyer; as outras
são retrabalhos incríveis de “Night and Day” de Cole Porter, baseado no
trabalho de McCoy Tyner para a versão de Joe Henderson para Inner Urge (gravada em 1964), e “Drummer’s
Song” de Geri Alle. Iyer, Oh, e Sorey toma a original de Allen, em um calypso girando em órbita por três
minutos, e estende-se em um veículo de sete minutos para uma expressão unificada
do grupo. Aqui, como em outro lugar, o trio continuamente se transforma
conforme sua exploração. Como o passado e o futuro se cruzam, as possibilidades
do presente passam a ser ilimitadas.
Faixas
1 CHILDREN
OF FLINT (Vijay Iyer) 06:26
2 COMBAT
BREATHING (Vijay Iyer) 07:50
3 NIGHT
AND DAY (Cole Porter) 09:33
4 TOUBA (Vijay
Iyer, Mike Ladd) 07:17
5 DRUMMER’S
SONG (Geri Allen) 06:47
6 AUGURY
(Vijay Iyer) 03:29
7 CONFIGURATIONS
(Vijay Iyer) 09:27
8 UNEASY
(Vijay Iyer) 09:11
9 RETROFIT
(Vijay Iyer) 06:40
10 ENTRUSTMENT
(Vijay Iyer) 05:06
Músicos: Vijay Iyer : Piano ; Linda May Han Oh : Baixo ; Tyshawn Sorey : Bateria
Fonte: JACKSON
SINNENBERG (JazzTimes)
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