Inteligência melódica e exploração interior estão no âmago de
qualquer gravação de Lynne Arriale. “Chimes of Freedom” não é exceção. Apresenta,
entretanto, muitos momentos que são excepcionais. Uma vez mais apresentando o baixista
Jasper Somsen e o baterista E. J. Strickland, a gravação pesa na alimentação de
quarenta e cinco minutos de intenso humor. Sete inéditas de Arriale estão na
coluna vertebral de um projeto de dez canções. A vocalista K. J. Denhert junta-se
à banda, ao final, com duas faixas.
O trio inicia conduzindo os ouvintes através da graça familiar
sombria ainda que tranquilamente esperançosa em "Sometimes I Feel Like a
Motherless Child". Arriale rapidamente gira em outra direção com a
primeira das sete composições inéditas, uma vigorosa "Journey" fomentada
por um balanço firme e um tempo espirituoso. A assinatura do deslizamento dos
dedos de Arriale, agora à frente, realmente desliza sem emendas para "The
Dreamers". O humor é alterado uma vez mais com esta canção
hipnotizantemente elegante que tece através de mudanças em uma forma, talvez
mais com flutuações através delas. Como a melodia é um elemento para Arriale e
sua base de fãs, alguém deve encontrar em "3 Million Steps" uma das
peças mais importantes da gravação. É uma música que esplendidamente representa
o distinto som e a abordagem de Arriale. O reflexivo solo de baixo de Somsen
está em destaque conforme o trio se alinha com uma unidade conectiva de "Hope",
abraçada com interação calmamente jubilosa.
Pegando o passo com uma carreira ao piano, Arriale tem
Somsen e Strickland correndo ao lado em perfeita harmonia em "The Whole
Truth". Ao longo da gravação as habilidades de Arriale em contar estórias
são abundantes. "Lady Liberty" demonstra, completamente, seu franco carinho
com cada nota. Suavemente, mas com profunda emoção, seus dedos expressam-se com
sua singular tepidez e carismática entonação. Em constante mutação e transições
sem problemas, vem a surgir energia e estridência conforme Strickland insere seu
toque com exuberância controlada em "Reunion". Esta música vividamente
apresenta um entusiasmo e conotações feéricas e investimento emocional, que vem
a ser sinônimo de Arriale.
Denhert, então, canta "Chimes of Freedom" de Bob
Dylan. À faixa título é dada uma forma de proeminente expressionismo, que é
respeitoso e compreende o intento de Dylan. O trio primorosamente conta a
estória de forma significativa através da instrumentação nuançada. O capítulo final
é uma tomada melancólica de "American Tune" de Paul Simon. Enquanto Denhert
lamenta a loquacidade de Simon, o trio pinta um retrato ostensivamente claro da
história de cada um.
Lynne Arriale tem um toque premiado e autêntico, que ela
compartilha cada vez que ela se senta ao piano. Ele pode ser ouvido como uma
estória da hora de dormir ou como um instrumentista habilidoso. Tão conectado
quanto ela está o piano e a melodia, ela está igualmente alinhada com seus
companheiros de banda. Seu significante e inato investimento melódico é
modelado e ampliado por sua capacidade para comunicar e processar junto como se
fosse uma unidade. Esta é uma verdadeira mistura de arranjos, contando estórias
e improvisando. É uma forma de arte coletiva apresentada aqui com sinceridade e
sofisticação.
Faixas: Sometimes
I Feel Like a Motherless Child; Journey; The Dreamers; 3 Million Steps; Hope;
The Whole Truth; Lady Liberty; Reunion; Chimes of Freedom; American Tune.
Músicos: Lynne
Arriale: piano; Jasper Somsen: baixo; E.J. Strickland: bateria; K.J. Denhert:
vocalista.
Fonte: Jim
Worsley (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário