Quão bom pode ser um dueto de sax-e-piano? Se o saxofonista
alto Miguel Zenón e o pianista Luis Perdomo não tivessem gravado ao vivo na Jazz Gallery no último Setembro, nós não
teríamos uma nova resposta para esta questão. “Nós gravamos esta música como um
show ao vivo, tudo em uma única tomada, sem muita preparação outra que não
fosse discutir as tonalidades e alguns elementos básicos da forma”, Zenón disse
em um comunicado. “Nós escolhemos composições da era do Bolero, que nós
poderíamos apenas, imediatamente, tocar sem lhe dar uma segunda reflexão”.
O resultado é “El Arte del Bolero”, onde Zenón, que vem de Porto
Rico, e Perdomo, que vem da Venezuela, examinam um oceano de standards latino-americanos e emergem
com músicas que são assombrosas neste contexto, como a popularizada “Como Fue” de
Benny Moré, “La Vida Es Un Sueño” do gênio cubano Arsenio Rodriguez e “Juguete”
do compositor portorriquenho Bobby Capó.
A apresentação de “El Arte del Bolero” é discreta —Miel Music deu-lhe um único lançamento
digital em Janeiro, mas esconde o quão deslumbrante ele é. Sempre que o tempo
lento da forma do bolero é despojado de apenas dois componentes, as composições
entram em um novo plano de beleza luminosa. Tal parcimônia no papel de parede
em mãos de músicos menores seria problemática, mas cada linha que Zenón sopra
tem uma trajetória dramática e integridade harmônica, e Perdomo invoca
majestosos chuviscos abaixo de cada qual.
Altamente audível, emocionalmente investigativo, e em
atmosfera no nível da ECM, “El Arte del Bolero” é um tesouro ao qual você
retornará muitas vezes. Nada mal para dois rapazes em uma arena vazia durante a
pandemia, encontrando consolo nas canções que eles conheceram durante suas
vidas.
Faixas
1. Cómo Fue 07:57
2. Alma Adentro 09:45
3. Ese Hastío 06:47
4. La Vida Es Un Sueño 09:42
5. Que Te Pedí 07:11
6. Juguete 10:25
Fonte: MORGAN ENOS (JazzTimes)
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