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domingo, 25 de julho de 2021

ARUÁN ORTIZ WITH ANDREW CYRILLE & MAURICIO HERRERA – INSIDE RHYTHMIC FALLS (Intakt Records)

O quinto lançamento do pianista cubano Aruán Ortiz pelo selo suíço Intakt situa-se a meio caminho entre seu disco solo “Cub(an)ism (2017)” e  trabalhos com o seu trio, tais como “Live In Zurich (2018)”. A despeito do título, enquanto há um maior impulso rítmico que em uma seção desacompanhada, a interação largamente puxa para trás a partir de uma inebriante força viva final. A presença do baterista, mestre veterano, Andrew Cyrille assegura um certo degrau de uma aventura métrica. Porém, mesmo com a adição do seu companheiro percussionista Mauricio Herrera, a concepção global mantém uma reflexiva distancia da pulsação do coração do pianista.

Duas peças, predominantemente vocal, suportam um programa de dez composições inéditas, inspirado pela música, literatura e arte da terra nativa de Ortiz, e uma reinterpretação. A abertura "Lucero Mundo" compreende sobreposição de recitações de palavras entrelaçadas de Ortiz com acentos da percussão/bateria, que ganha densidade com vozes adicionais, que gradualmente se unem, enquanto o encerramento "Para Ti Nengón" apresenta o refrão encantador de uma canção popular, enquanto a fantasia do pianista sugere um eco tristonho da vida da ilha.

De fato, o álbum completo evoca a herança cubana de Ortiz, embora em forma abstrata com uma nova sensibilidade musical, que rivaliza com seu imperativo percussivo. Em "Conversation with the Oaks" que, lateralmente, inicia a contemplação sob o disfarce de um acompanhamento improvisado, fragmentado e entalhado, manipulado por batidas da bateria, que retorna em sintonia ao final do golpe. Entre tempos, rolando o registro do baixo e insistente ataque da mão direita e a bateria melodiosa de Cyrille conduzem um diálogo que relembra o Cecil Taylor inicial.

Herrera não é sempre tão óbvio na combinação quanto ele é em "Marímbula's Mood", onde usa o titular do instrumento como uma kalimba para estabelecer desanimadora sedução sobre a qual Ortiz e Cyrille intercambiam gestos reflexivos. Herrera e Cyrille configuram uma cadência balbuciante em "Argelier's Disciple" , que dá uma subcorrente de inquietação meditativa e majestosa de Ortiz, como se contemplando vívidas memórias, antes dele sucumbir em reflexões mais embebidas no blues.

Outros destaques incluem: um caso de desconstrução reconstruída em um fraseado bop desarticulado em "Golden Voice (Changüi)", onde a interação sugere, mas não explicita o estado do tema, antes que uma linha afluente surja no final, com Ortiz emulando Craig Taborn em modelos interligados e também a estrondosa "Inside Rhythmic Falls Part II (Echoes)", onde uma exuberância mal dissimulada vem carregada com um matiz lamentoso.

Ortiz consegue ofertar um retrato cativante e afetuoso da sua terra natal, mas faz de forma que engaja a mente mais que o corpo.

Faixas : Lucero Mundo; Conversation with the Oaks; Marímbula's Mood; Golden Voice (Changüi); De Cantos y Ñáñigos; Inside Rhythmic Falls. Part I (Sacred Codes); Argelier's Disciple; Inside Rhythmic Falls. Part II (Echoes); El Ashé de la Palabra; Para ti Nengón.

Músicos: Aruán Ortiz: piano; Andrew Cyrille: bateria; Mauricio Herrera: percussão.

 Fonte: JOHN SHARPE (AllAboutJazz)

 

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