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quinta-feira, 1 de julho de 2021

THE DAVE LIEBMAN GROUP – EARTH (Whaling City Sound)

Tipicamente, quando nós pensamos sobre música ecoconsciente, nós imaginamos uma construção em torno de instrumentos acústicos. Para alguma amplitude, nós podemos creditar a álbuns de “Earth Music” de Paul Winter Consort no final dos anos 60 e início dos 70, que usou o saxofone, flauta, English horn e cello para articular o intento do compositor. Estes instrumentos foram considerados mais “naturais” que guitarras elétricas ou sintetizadores, não obstante o saxofone ser um produto mais da revolução industrial, enquanto o processo de gravação em si é tecnologicamente intensivo e distante da ecologia.

Tudo isto vem à mente, enquanto ouvimos “Earth” do The Dave Liebman Group, um álbum que encerra o projeto Four Elements do saxofonista (anterioremente o registro inclui Water, com Pat Metheny, Cecil McBee e Billy Hart; Air, com Walter Quintus e Fire, com Kenny Werner, Dave Holland e Jack DeJohnette). Aqui, Liebman toma uma abordagem oposta para expressar naturais maravilhas do mundo, enfatizando as possibilidades texturais do som digital e eletrônico sobre tradicionais sonoridades do sopro e cordas. “Eu sou o único instrumento acústico justapondo o velho e novo (com a bateria na mesma zona de tempo) ” ele escreve nas notas para o disco.

Não é uma estratégia óbvia, mas funciona, não porque a música evoca específicas paisagens ou temporadas. Antes de adotar uma abordagem programática como dito em “Grand Canyon Suite” de Ferde Grofé, a banda de Liebman opta por usar a amplitude da sua paleta sonora para refletir a enorme variedade da nossa terra. “Earth Theme”, então, transmite seu senso de erudição pelo contraste do soprano de Liebman contra o peso do baixo elétrico de Tony Marino, enquanto o fino piano Bobby Avey sintetiza com ruídos brancos como uma névoa etérea sobre a banda. “Volcano/Avalanche” usa eletrônica para obscurecer o centro tonal da brisa do sintetizador de Matt Vashlishan e as teclas de Avey, enquanto um efeito diferente mistura-se com o som do baixo de Marino, fazendo-o, às vezes, expressar a partir do baixo a harmonia. E o ponto alto de “Concrete Jungle” vem em um improvisado intercâmbio entre Liebman e Vashlishan, na qual o saxofonista reage não apenas às notas emitidas pelo sintetizador, mas também às texturas mutantes do instrumento.

O Jazz certamente se beneficiaria de uso mais criativo dos instrumentos digitais e eletrônicos.

Faixas

1 Earth Theme (Dave Liebman) 3:26

2 Bass Interlude (Tony Marino) 1:29

3 Volcano/Avalanche (Dave Liebman) 5:25

4 Percussion/Flute Interlude (Alex Ritz) 2:11

5 The Sahara (Dave Liebman) 6:39

6 Soprano Saxophone Interlude (Dave Liebman) 0:59

7 Grand Canyon/Mt. Everest (Dave Liebman) 3:56

8 Drum Interlude (Alex Ritz) 2:18

9 Concrete Jungle (Dave Liebman) 5:17

10 Piano Interlude (Bobby Avey) 2:10

11 Dust To Dust (Dave Liebman) 4:20

12 Wind Synthesizer Interlude (Matt Vashlishan) 2:05

13 Galaxy (Dave Liebman) 5:55

14 Earth Theme (Reprise) (Dave Liebman) 1:19

Músicos: Alex Ritz (bateria, kanjira); Tony Marino (baixo elétrico); Bobby Avey (piano); Dave Liebman (saxofone soprano; flauta de madeira); Matt Vashlishan (sintetizador)

Fonte: J.D. Considine (DownBeat)

 

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