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sábado, 21 de agosto de 2021

MAJID BEKKAS - MAGIC SPIRIT QUARTET (ACT)

O que coloca magia em “Magic Spirit Quartet” do multi-instrumentista Majid Bekkas é mostrar uma poderosa emoção da música marroquina gnawa (NT: membros de uma série de confrarias místicas sufis muçulmanas que se caracterizam pela origem subsariana dos seus membros e pelo uso de cantos, danças e rituais sincréticos para atingir um estado de transe). Originalmente desenvolvida para acompanhar cerimônias extáticas de noite inteira para invocar espíritos, a música possui uma profundidade rítmica e ressonância emocional análoga à música de Santería em Cuba. Porém, onde a tradição cubana é construída no poder da bateria, na música marroquina gnawa o centro está no zumbido movimentado pelos instrumentos de cordas, particularmente o oud e o guembri como baixo.

Bekkas, que nasceu e cresceu em Salé, Morrocos, que toca o oud e guembri, mas é este que tem mais importância aqui. É o som metálico do guembri, agitadamente propulsivo na linha do baixo que domina “Bania”, não apenas trabalha em contraponto contra o vocal de Bekkas e trompete eletrificado de Goran Kajfeš, mas estabelece uma interessante fricção com o ardiloso baterista Stefan Pasborg, cujo toque mantém o stress em “primeiro lugar”, enquanto a linha de Bekkas enfatiza o “segundo”.

Claro, a tradicional música marroquina não usa bateria, muito menos trompete eletrificado, mas, assim, uma diferente espécie de magia vem ao toque. Embora, Bekkas ainda viva em Salé, seu Magic Spirit Quartet está baseado na Ecandinávia, onde Kajfeš, Pasborg e o tecladista Jesper Nordenström vivem. Da mesma forma, as músicas se mantêm bastante próximas das estruturas tradicionais, com o guembri de Bekkas definindo a pulsação, enquanto seu trabalho vocal na dinâmica de chamada e resposta com o instrumento de sopro de Kajfeš e as faixas em si tendem a se expandir ao lado de linhas fusion, com extensão, duplicando seções amigavelmente balançantes, proporcionando a chance para estender e mergulhar mais profundo no âmago rítmico da música.

Dito isto, há surpreendentemente pouca diluição do sabor essencial da música. Obviamente, a força de Bekkas como líder é contabilizada por algo menor, como o gênero de sua voz— vocal e instrumentalmente—que não é facilmente diluída. Porém Kajfeš, cuja família emigrou para a Suécia a partir da Bósnia, parece absolutamente em casa com as modalidades árabes de gnawa, é mais que manter sua própria liderança, particularmente na dramática e fascinante de “Mrhaba”.

Faixas

1 Aicha 12:29

2 Hassania 07:40

3 Bania 06:47

4 Chahia Taiba 07:37

5 Mrhaba 10:07

6 Annabi 05:39

7 MSQ 04:58

 Músicos: Majid Bekkas (vocal, guembri, oud, guitarra elétrica); Goran Kajfeš (trompete, trompete elétrico, percussão); Jesper Nordenström (piano, órgão, sintetizador, spinet piano); Stefan Pasborg (bateria, percussão, tuned gongs); Chaouki Gnaoua family (coro, qarqabou, faixas 1 e 3).

 Fonte: J.D. Considine (DownBeat)

 

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