Como ouvir a música de Ornette Coleman? Com uma improvável,
mas lógica extensão do vocabulário bebop? Como "free- NT: livre" caos
sem amarras da harmonia? Como um tributário da grande corrente dos saxofonistas
do Texas? Como um melodista
mais puro do jazz?
A música de Coleman, que faria 91 anos em 9 de Março de
2021, foi tudo isto e muito mais. Por que não deveria um corpo de trabalho que
apresenta muitos pontos de entrada seja tão onipresente na gravação quanto Thelonious
Monk, que foi uma figura tão iconoclasta e impenetrável no início dos anos 1950
como Coleman foi no fim da década? O mundo do jazz, parece, não está
completamente envolvido com a mudança do século (passado).
Felizmente, Miguel Zenon tem envolvimento e “Law Years: The
Music of Ornette Coleman” é a prova. Após um recente conjunto de lançamentos,
que profundamente examinou a herança portorriquenha de Zenón, esta é uma
partida inesperada. Porém, “Law Years” vigorosamente defende para Coleman uma
parte igualmente vital da herança musical de Zenón e a posição de Coleman como
compositor de jazz.
Com o saxofonista tenor Ariel Bringuez, o baixista Demian
Cabaud e o baterista Jordi Rossy, a banda espelha o outro "Quarteto de Ornette"
com o saxofonista tenor Dewey Redman, o baixista Charlie Haden e Billy Higgins
ou Edward Blackwell na bateria. É uma ágil e vigorosa unidade que ataca o
material agitado com brio e premente movimento arrojado. Dê o crédito a Rossy, um
catalão cujo estilo nos pratos é mais Higgins que Blackwell. Cabaud, da
Argentina, não é Charlie Haden (quem é?), mas é sólido em um papel difícil. Bringuez,
um Cubano, é um instrumentista padrão, que ocasionalmente alcança tradições do
pré-bop para algumas das suas lambidelas. Ele usa floreios um pouco românticos dos
cubanos sonhadores ao modo de Sonny Rollins, cuja entonação de Bringuez se
assemelha a gotejamento de pepitas de calypso em suas improvisações.
Esta é a música da banda, desordenada, ocasionalmente conflituosa
e conversacional. Mesmo assim, Zenón emerge como a voz mais convincente de “Law
Years”. Por toda sua benevolência e conexões para cantar—algo que ele
compartilha com Coleman— a voz do saxofone de Zenón é ultra-expressiva no modo em
que Coleman não está; contudo, altoístas estão reconhecivelmente falando a
linguagem do bebop, embora em diferentes dialetos. Enfim, a mercurialidade de Zenón
e sua audácia são magnéticas, e "Law Years" vem, apaixonadamente,
comprometidas com o manifesto da proposta. "Esta é nossa música" diz. "Ouça e surpreenda-se".
Faixas: Tribes
of New York; Free; Law Years; Giggin'; Broken Shadows; Dee Dee; Toy
Dance/Street Woman
Músicos: Miguel Zenon: saxofone alto; Ariel Bringuez: saxofone
tenor; Demian Cabaud: baixo; Jordi Rossy: bateria.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=FICPh21YvsU
Fonte: John
Chacona (AllAboutJazz)
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