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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

ROY HARGROVE / MULGREW MILLER - IN HARMONY (Resonance)

Este trabalho em álbum duplo foi compilado de duas diferentes performances, uma gravada no Merkin Hall no Kaufman Music Center em Nova York, em Janeiro de 2006, e a outra no Williams Center for the Arts no Lafayette College em Easton, Pensilvânia, em Novembro do ano seguinte. Ao lado da qualidade da música, as gravações são notáveis porque são as únicas que Roy Hargrove fez sem um baterista. Mulgrew Miller, que faleceu em 2013, realizou uma série de trabalhos sem bateria ao longo de sua carreira. 

Com sinergia infalível e profundo balanço e ímpeto rítmico, eles convocam. Estes artistas não parecem sentir a ausência de um baterista. Miller, claro, tem a responsabilidade de fazer o uso completo das capacidades rítmicas e melódicas do piano e ele o faz impecavelmente ao longo do trabalho, com Hargrove inserindo, primorosamente, as linhas do seu trompete nos espaços que Miller deixa abertos. Isto ocorre, frequentemente, em locais inesperados, elevando a tensão e o relaxamento. Na maior parte, Hargrove mantem um timbre nivelado, uma entonação com menos vibrato (claramente influenciado por Miles), que implica que a profundidade emocional do seu toque é dependente apenas das ideias musicais que ele germina. Nenhum anticlímax ou sentimento fazem as coisas fáceis para ele ou para o ouvinte. Porém nas faixas mais celebratórias, tais como “Con Alma” e “Invitation”, ele reveste sua entonação com brilhante lustro, inflando o volume e a intensidade com acentos flamejantes e registros altos como testemunhos. Suas linhas extensas, às vezes, ecoam a fusão da destreza e precisão de Clifford Brown, tão bem quanto a reformulação deles dos fundamentos clássicos do bop. Miller, entretanto, confina suas explorações, primordialmente, na sua mão direita, usando a sua mão esquerda como base rítmica e de acordes, onde baila. Sua condução exploratória é focada e implacável.

Tão resolutamente quanto os dois altamente disciplinados improvisadores talham o que são agora consideradas noções convencionais de melodia, passo, entonação e harmonia (glorificando às vezes esquecida arte de extração de novas explorações ricas), a música deles nunca é seca ou pedante. Mesmo em baladas tais como “This Is Always”, “I Remember Clifford” (que dá a Hargrove a completa variação para explorar seu lado Browniano), e  “Ruby My Dear” de Monk, um senso de irreprimível diversão se faz sentir, como o trompetista e o pianista lançam ideias para a frente e para trás como jogadores de beisebol em torno da ação: cada momento novo e brilhante, celebrando uma irmandade do espírito ligada ao prazer, aprofundado pela inspiração e consagrado com amor.

Faixas: What Is This Thing Called Love?; This Is Always; I Remember Clifford; Triste; Invitation; Con Alma; Never Let Me Go; Just in Time; Fungii Mama; Monk’s Dream; Ruby, My Dear; Blues for Mr. Hill; Ow!.

Para quem quer conhecer este trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=loxdmleHcaE

Fonte: DAVID WHITEIS (JazzTimes)

 

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