Este trabalho em álbum duplo foi compilado de duas
diferentes performances, uma gravada no Merkin
Hall no Kaufman Music Center em Nova
York, em Janeiro de 2006, e a outra no Williams
Center for the Arts no Lafayette
College em Easton, Pensilvânia, em Novembro do ano seguinte. Ao lado da
qualidade da música, as gravações são notáveis porque são as únicas que Roy
Hargrove fez sem um baterista. Mulgrew Miller, que faleceu em 2013, realizou
uma série de trabalhos sem bateria ao longo de sua carreira.
Com sinergia infalível e profundo balanço e ímpeto rítmico,
eles convocam. Estes artistas não parecem sentir a ausência de um baterista.
Miller, claro, tem a responsabilidade de fazer o uso completo das capacidades
rítmicas e melódicas do piano e ele o faz impecavelmente ao longo do trabalho, com
Hargrove inserindo, primorosamente, as linhas do seu trompete nos espaços que Miller
deixa abertos. Isto ocorre, frequentemente, em locais inesperados, elevando a
tensão e o relaxamento. Na maior parte, Hargrove mantem um timbre nivelado, uma
entonação com menos vibrato (claramente influenciado por Miles), que implica que
a profundidade emocional do seu toque é dependente apenas das ideias musicais
que ele germina. Nenhum anticlímax ou sentimento fazem as coisas fáceis para
ele ou para o ouvinte. Porém nas faixas mais celebratórias, tais como “Con
Alma” e “Invitation”, ele reveste sua entonação com brilhante lustro, inflando
o volume e a intensidade com acentos flamejantes e registros altos como
testemunhos. Suas linhas extensas, às vezes, ecoam a fusão da destreza e
precisão de Clifford Brown, tão bem quanto a reformulação deles dos fundamentos
clássicos do bop. Miller, entretanto, confina suas explorações, primordialmente,
na sua mão direita, usando a sua mão esquerda como base rítmica e de acordes,
onde baila. Sua condução exploratória é focada e implacável.
Tão resolutamente quanto os dois altamente disciplinados improvisadores
talham o que são agora consideradas noções convencionais de melodia, passo, entonação
e harmonia (glorificando às vezes esquecida arte de extração de novas explorações
ricas), a música deles nunca é seca ou pedante. Mesmo em baladas tais como “This
Is Always”, “I Remember Clifford” (que dá a Hargrove a completa variação para
explorar seu lado Browniano), e “Ruby My Dear” de Monk, um senso de irreprimível
diversão se faz sentir, como o trompetista e o pianista lançam ideias para a
frente e para trás como jogadores de beisebol em torno da ação: cada momento
novo e brilhante, celebrando uma irmandade do espírito ligada ao prazer,
aprofundado pela inspiração e consagrado com amor.
Faixas: What
Is This Thing Called Love?; This Is Always; I Remember Clifford; Triste;
Invitation; Con Alma; Never Let Me Go; Just in Time; Fungii Mama; Monk’s Dream;
Ruby, My Dear; Blues for Mr. Hill; Ow!.
Para quem quer conhecer este trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=loxdmleHcaE
Fonte: DAVID
WHITEIS (JazzTimes)
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