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terça-feira, 28 de setembro de 2021

MICHAEL MOORE FRAGILE QUARTET - CRETAN DIALOGUES (Ramboy)

O texto promocional que acompanha o quinto álbum do Fragile Quartet de Michael Moore estabelece que a música do instrumentista de palhetas para este lançamento é uma estrutura de “simples miniaturas”. Porém, o caminho em que o grupo se move, de tema a tema, providencia evidência persuasiva mais do que a química interna deles— mecanismos comuns, fluxo compartilhado, chame como quiser —e certamente conhece seu caminho em torno de elaborações astutas também. Talvez, não tão simples. As duas suítes constituindo os primeiros 27 minutos da gravação cobrem paisagens tão variadas e vívidas, que eles se sentem como um satisfatório micro álbum em si.

Claro, amplitude é inexpressiva se não houver razões. Não se preocupe. Moore fez de Amsterdam seu lar por décadas, e está pleno dela. Sempre esteve. Uma fileira de gravações que ele realizou para seu selo Ramboy, documenta com habilidade melodiosa e abstração o seu trabalho com a ICP Orchestra e o Clusone Trio relembra que extravagâncias são sempre risonhas. The Fragile Quartet é um veículo oportuno para a estética de suavidade, que Moore tem aperfeiçoado por 40 anos. Transitando entre clarinete e sax alto, ele trabalha com o baterista Michael Vatcher (Gerry Hemingway o substitui neste álbum), o pianista Haarmen Fraanje e o baixista Clemens van der Feen para afagar as canções, enquanto sonda as opções da música. A breve “Pussy Willow” inclina-se para a tranquilidade, atuando em três instrumentos simultaneamente. Um aceno ao fotógrafo Saul Leiter vem a ser loquaz e agressivo, mas também se sente gracioso. O trabalho do grupo deve refletir seu nome, mas seu afeto por animado lado tenso também ergue a cabeça. Quando um desconexo intercâmbio entre piano/clarinete começa “A Little Box of Jazz”, quase vem como um duo em disco de Braxton/Muhal pela Arista, que poderia beneficiar a todos a partir do antigo [Duets 1976—Ed.].

Falando de amplitude, “Cretan Dialogues” não é o único projeto de Moore, que joga diretamente. Ele está, também, celebrando a chegada de Slips, uma cativante excursão em livre improvisação com Hemingway e o baixista Barre Phillips. Como suas quatro peças extensas desdobradas, somos lembrados que a atmosfera pode sempre ser ajudada pela arquitetura. Os rangidos e sussurros são em tons escuros e aprazíveis. E se isto não foi o bastante, “Sanctuary”, sua colaboração com a NDR Big Band, exibe que ele tem ideias valiosas sobre a intensificação também. Ordenhando canções a partir de seu catálogo anterior (verifique seu trabalho “Available Jelly”), Moore arranja as peripécias elegantes e provocativas. Peças inspiradas em Dylan e Pascoal, momentos que se elevam, enquanto ainda tendo tempo para meditar, em uma diversidade de movimentos propulsivos do baterista Tom Rainey—a combinação de esplendor e ímpeto deve ter um olhar de Maria Schneider sobre seu ombro. Ao longo da curta estória, estes são três dos álbuns mais fascinantes de 2020.

Faixas

1. Cretan Dialogues #1 (Lolapalooza/Fenix Blue/the Meliae) 15:43

2.Cretan Dialogues #2 (Europa/Doldrums/Leaving Paleochora) 11:08

3.Eugenia Uniflora 04:31

4.Pussy Willow 02:57

5.Content (for Saul Leiter) 09:28

6.A Little Box of Jazz 02:46

7.Klee/Rola Turca 06:34

8.Slowly, slowly 01:46

Músicos: Michael Moore - sax alto, clarinete, clarinete baixo, melódica, composições, Haarmen Fraanje - piano, Clemens van der Feen - baixo, Gerry Hemingway - bateria, percussão.

 Fonte: JIM MACNIE (JazzTimes)

 

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