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domingo, 24 de outubro de 2021

ANTÔNIO ADOLFO – BruMa - CELEBRATING MILTON NASCIMENTO (AAM Music)

O vocalista e compositor brasileiro, Milton Nascimento, tem concedido ao pop, ao jazz, aos mundos contemporâneos e do rock uma amazônia de música, que é quase impossível compreendê-la em sua inteireza. Com “BruMa”, o pianista-compositor Antônio Adolfo e um conjunto de músicos brasileiros notáveis, com o qual ele providencia uma altamente estilizada, exótica e completamente valiosa e brilhante exploração do trabalho de Nascimento. Este álbum é acolhedor e as performances são bastante sedutoras e o álbum inteiro berra para ser consumido em saborosos pedaços conceituais.

"Fé Cega, Faca Amolada" ("Blind Faith, Sharp Knife") dá primeiro uma tacada com um entusiasmado tema modal de chamada-resposta e desenvolve extensamente, de forma furiosa, com o sax solo de Marcelo Martins e com um suave passeio da guitarra de Cláudio Spiewak. Após uma segura e esperta "Nada Será Como Antes" ("Nothing Will Be As It Was") a natureza percussiva das coisas expande-se através da sessão. "Outubro" ("October") uma balada magnífica, demonstra a habilidade do grupo para expressar a emoção profunda e grande beleza. É uma faixa hipnótica que apresenta o solo deslumbrante do flugelhorn de Jessé Sadoc e o profundo suporte da banda.

O sentimento do conceito acima mencionado é apresentado pelo grupo emparelhando profundamente Nascimento a Adolfo, ainda que em uma música acessível, apresentando temas memoráveis, texturas sublimes ("Encontros E Despedidas", "Encounters and Farewells"), complexidade, mesmo assim alcançável, e polirritmos. Estes ritmos são apresentados na capturadora, "Canção Da Sal" ("Salt Song"). "Três Pontes" oferece um quadro mais suave e contemporâneo com o piano de Adolfo, o trompete de Sadoc e os solos saborosos do baixo de Helder sobre o passeio de Barata. "Tristesse" (Sadness) encerra o trabalho com uma nota melancólica com o soberbo solo da guitarra de Leo Amuedo.

Uma palavra sobre Antônio Adolfo e outros solistas aqui: eles todos brilham, como faz a banda em sua inteireza. O toque de Adolfo ao longo do trabalho é brilhante, elegante e inspirado. Seus arranjos são soberbos e eles refletem a influência que o jazz teve para ele. "Cais" ("Harbor"), por exemplo, é uma paisagem sonora melancólica e modal, que reverbera uma clássica vibração de Gil Evans e Miles Davis como faz na exoticamente percussiva "Caxangá" com texturas à la Oliver Nelson.

“BruMa” é uma brincadeira jubilosa. É uma ajustada saudação e certamente é um dos álbuns mais finos de 2020.

Faixas: Fé Cega, Faca Amolada; Nada Será Como Antes; Outubro; Canção Do Sal; Encontros E Despedidas; Três Pontas; Cais; Caxangá; Tristesse.

Músicos: Antônio Adolfo: piano; Jessé Sadoc: trompete; Marcelo Martins: palhetas; Rafael Rocha: trombone; Danilo Sinna: saxofone alto; Jorge Helder: baixo acústico; André Vasconcellos: baixo acústico; Rafael Barata: bateria; Cláudio Spiewak: guitarra; Lula Galvão: guitarra; Leonardo Amuedo: guitarra; Dada Costa: percussão.

Fonte: Nicholas F. Mondello (AllAboutJazz)

 

 

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