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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

THE CLAIRE DALY BAND - RAH! RAH! (Ride Symbol)

A premiada saxofonista barítono Claire Daly não está apenas soprando seu instrumento em Rah! Rah! (bem , ela está, porém com mais controle no momento), ela está saudando uma das suas inspirações musicais, o falecido Rahsaan Roland Kirk, um daqueles talentos que de vez em quando nos deixa demasiado cedo. Kirk, que viveu apenas por 42 anos, foi literalmente um multi-instrumentista, frequentemente tocando dois dos três instrumentos de sopro ao mesmo tempo, alguns dos quais ele inventou. Mesmo assim, ainda que cego, ele foi parte um prodígio musical, parte um comediante, parte ativista social e puro gênio, e alguém que mesmo sendo inovador não recebeu a devida atenção. Acima de tudo, Kirk foi um entendido em jazz com uma voz retumbante, que gravou mais que trinta álbuns inovadores sob seu nome. Em outras palavras, ele foi um versátil artista do jazz que poderia realmente tocar.

Ele certamente impressionou Daly que primeiro ouviu Kirk em seu álbum “Return of the 5000 Lb. Man”, lançado apenas um ano antes do falecimento de Kirk em Dezembro de 1977 (ele faria oitenta e cinco anos em Agosto de 2020). Daly era uma adolescente, uma estudante na Berklee College of Music em Boston, que não tinha decidido ainda buscar uma carreira como instrumentista de jazz, isto é, até ela ouvir Kirk tocar. Em vez de passar seu período de descanso do verão, em Nova York, neste ano, ela permaneceu em Boston para ver um debilitado Kirk (que tinha tido um derrame) atuar no Jazz Workshop. Daly frequentou cada show, sentando tão próximo do mestre quanto possível. "Ele tinha esta qualidade incomparável", ela relembra. "Ele foi uma força da natureza. Eu o admirava. Ele me fez feliz, e ainda faz".

Daly renova e amplifica esta felicidade em “Rah! Rah!”, entrelaçando cinco composições singulares de Kirk com duas composições suas para complementar a bem formatada "Simone" de Frank Foster, a dinâmica "Blues for Alice"  de Charlie Parker e um par de bem conhecidos standards, "Alfie" de Burt Bacharach / Hal David's e "I'll Be Seeing You" de Sammy Fain / Irving Kahal. Como um aceno à flexibilidade de Kirk, Daly troca o sax barítono pela flauta em três números ("Serenade to a Cuckoo", "Simone" e sua "Momentus Brighticus" um contrafato a "Bright Moments" de Kirk) e canta em duas ("Alfie" e "Everyday People" de Sly Stone, que é associado a "Volunteered Slavery" de Kirk). Daly também escreveu a abertura encharcada de balanço, "Blue Lady", e, à la Kirk, adiciona um ou dois compassos de "gritos britânicos" em "Volunteered Slavery" e "Simone".

Impressionante a atuação de Daly na flauta (os vocais são toleráveis, mas não mais que isto), em meia dúzia de números seu barítono permanece mais balançante que contido nos pontos altos do álbum. Daly que, meticulosamente, elaborou sua voz no instrumento, alguém que não é apenas audaz, mas, astutamente, se estabelece a parte do muito do que se está ouvindo por estes dias (por comparação, pense em Serge Chaloff). Daly empunha o barítono como um bisturi, fatiando o núcleo de cada número para decorar e animar seu charme interior. Mesmo assim, ela não pode fazê-lo sozinha. Cada estrela, não importa qual radiante, necessita de um grupo suporte fervoroso e eficiente, que Daly encontrou no pianista Eli Yamin, no baixista Dave Hofstra e no baterista Peter Grant, que não só desempenham seus papeis complementares à perfeição, mas como solistas, perceptivamente, sempre que a oportunidade surge. Daly e seus competentes companheiros de banda realizaram um admirável tributo a um subvalorizado virtuoso do jazz, cuja música marcante e personalidade claramente merecem uma segunda temporada ao sol.

Faixas: Blue Lady; Serenade to a Cuckoo; Volunteered Slavery/Everyday People; Simone; Funk Underneath; Theme for the Eulipions; Alfie; Momentus Brighticus; Blues for Alice; I'll Be Seeing You

Músicos: Claire Daly: saxofone barítono, flauta; Eli Yamin: piano; Dave Hofstra: baixo; Peter Grant: bateria.

Fonte: Jack Bowers (AllAboutJazz)

 

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