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domingo, 3 de outubro de 2021

VERNERI POHJOLA – THE DEAD DON’T DREAM (Edition Records)

A foto na frente da capa apresenta um Verneri Pohjola levitando. Uma estrela em ascensão? Esta etiqueta deve ter sido apropriada ao tempo de “Aurora (ACT Music, 2009) ”, mas os brilhantes álbuns subsequentes “Bullhorn (2015) ” e “Pekka (2017) ”, ambos pela Edition Records, confirmaram a chegada do trompetista finlandês ao topo do jazz Europeu. A distinta entonação de Pohjola—lírica, ainda que visceralmente afiada—e suas melódicas improvisações e cintilações composicionais são comuns para todos seus álbuns, embora os dois sons não sejam o mesmo. “The Dead Don't Dream” continua a evolução, com, talvez, mais ênfase em um som coletivo, e solando como um segundo violino para uma construção evocativa.

O álbum inicia com uma nota alta em "Monograph", onde apresenta as sutilezas da leve eletrônica de Tuomo Prattala e o contraste do reservado piano com um balanço galopante das linhas robustas de Pohjola. Na percussão metálica de Mika Kallio e dos pratos, e no baixo mundano de Antti Lotjonen, que suporta esta sedutora abertura, há, talvez, ecos dos evocativos e percolados ritmos de "Singing Winds, Crying Beasts" de Santana ou "Eternal Caravan of Reincarnation". Uma energia agitada permeia "Wilder Brother", cuja estrutura de balanços flutuantes dos solos de Pohjola, Prättälä e do saxofonista soprano Pauli Lyytinen são impressionantes em suas individualidades.

Um piano padrão de anúncios fúnebres anuncia "Voices Heard" com um baixo e bateria fantasmagórica e raramente audível abaixo do solo questionador de Pohjola. Uma repentina diminuição da flama de anunciadores em um sonho como passagem —guiado por piano e trompete—de impressionismo austero. Há um sentimento mais aberto para "The Conversationalist", uma meditação dentro de um esquema de Wayne Shorter, onde os passos do piano em staccato, calmamente sondando o baixo e vibrantes escovinhas acompanham o lirismo de Pohjola, ainda que em assertivo solo. Na tranquilamente majestosa faixa título, ritmos econômicos, canções suaves e o guitarrista usando a pedal steel, com tênues texturas de Miikka Paatelainen, providenciam os quadros para os primorosamente ponderados solos de Pohjola e Prättälä.

Se intencional ou não, a introdução barroca ao piano para "Agirro" tocou um adágio em cordas amortecidas, que evoca "Dream of a Witches' Sabbath" de Hector Berlioz. O livre fluir do baixo de Lötjönen contrasta agudamente com o ritmo processional de Prättälä, em quanto a melodia hinária de Pohjola funde-se com um monólogo improvisado contra uma cortina de zumbidos nebulosos da eletrônica. Guiada pelas escovinhas,"Suspended" é uma fusão hipnótica de uma pulsação insistente, a prateada steel guitar e as linhas melódicas reflexivas do líder. A arquitetura deve ser reservada, mas as linhas intersecionais, texturas e cores, dá o peso elegante e emotiva da forma.

Com “The Dead Don't Dream”, Pohjola encontra as expectativas de qualidade, agora, associadas a ele. Por qualquer padrão, este é um álbum excelente. Porém, é uma topografia inesperada destas composições, que são mais recompensadoras, as guinadas e voltas, crescem e caem, o breve platô de beleza em abstração e as intrigantes subtramas. Pohjola leva-nos para uma jornada—uma atraente paisagem sonhadora—que revela mais de seus detalhes encantadores com cada audição.

Faixas: Monograph; Wilder Brother; Voices Heard; The Conversationalist; The Dead Don’t Dream; Argirro; Suspended.

Músicos: Verneri Pohjola: trompete; Antti Lotjonen: baixo; Mika Kallio: bateria; Tuomo Prattala: piano, eletrônica; Pauli Lyytinen; saxofone soprano (2), saxofone tenor (7); Miikka Paatelainen: pedal steel guitar (1, 5, 7).

Fonte: Ian Patterson (AllAboutJazz) 

 

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