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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

DAVE DOUGLAS - MARCHING MUSIC (Greenleaf Music)

Ouvindo “Marching Music” de Dave Douglas, alguém pode pensar que ele compôs as músicas em um estado de depressão, talvez convencido que Donald Trump venceria uma segunda eleição para presidente. O que de outra forma representa arrastar o pressentimento da escuridão, que impulsiona contra o otimismo corajoso, usualmente antecipado em tal música? Talvez, esta seja a marcha de Douglas para o Inferno de Dante.

Para um homem que concedeu dedicatórias a provocadores intelectuais desde Hannah Arendt a Noam Chomsky, o trompetista foi em si um patrono de expectativas ecléticas. Porém, é apropriado mencionar Trump aqui, desde a missão de Douglas em “Marching Music” é algo sobre justiça social para criar música, para tocar em seus fones de ouvido, quando você demonstra seu direito de voto na marcha. Isto coloca o álbum na distância de Douglas da tradição do jazz de protesto no qual Roach, Mingus e Coltrane foram pioneiros. Porém, suas políticas são oblíquas, não permitem a ideologia além dos títulos das músicas de Douglas e seu pessimismo inerente. Seu intento político é claro, mas gritado a partir dos bastidores.

A partir das primeiras notas, sua música emite uma assombrosa aura lamentosa, frequentemente acompanhado por florescentes picadas por iminente perigo. Douglas é a principal voz acústica, embalada no trovão eletrônico do baixo e da guitarra. É uma voz clara e fluente, embora, isto apresenta a música sobre a política. Seu trompete tem uma dignidade majestosa da tecelagem de linhas ecoantes em “Parables” de Rafiq Bhatia e uma discrição perolada com surdina em “Ten To Midnight”. A única vez que a música parece crepitar em um sorriso e ganha algum vigor no passo está em “Foley Square”, onde Douglas está em sua maior vivacidade no registro mais baixo.

Faixas: Parables; Ten To Midnight; Whose Streets; Fair Fight; Safe Space; Climate Strike; Forlorn; Lenape; Foley Square; Persistent Hats. (59:05)

Músicos: Dave Douglas, trompete; Rafiq Bhatia, guitarra; Melvin Gibbs, baixo; Sim Cain, bateria.

Fonte: John McDonough (DownBeat) 
 

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