Henry Threadgill, triunfalmente, retornou para nos
apresentar uma outra visão do seu mundo: um turbilhão, um trabalho expansivo de
novas composições com seu grupo de mais longa duração, Zooid.
O último álbum que nós ouvimos do Zooid foi “In For A Penny, In For A Pound” de 2016, que venceu um
prêmio Pulitzer, tão bem quanto a constante aclamação dos críticos.
O som do Zooid, 20
anos da existência dos músicos, veio a ser algo como uma legenda e enigma. Usa
um sistema musical envolvente e complexo inventado por Threadgill, uma linguagem
singular influenciada por seus conceitos, dando certos intervalos musicais para
cada membro do grupo como uma plataforma de lançamento para improvisações e
acompanhamentos (ou ao menos é o meu entendimento). O resultado é o
desenvolvimento dos caminhos do Zooid
através da temática material emocionante e melodias simultâneas, de uma certa
forma, que é completamente singular para este grupo.
Estas melodias, polifônicas e pressagiadas pelos próprios
instrumentistas, são centrais para a música do Zooid e estão em grande abundância em “Poof”. Os arranjos, aqui,
são alguns dos mais nuançados trabalhos da longa carreira de Threadgill. Por
volta da metade da duração do seu predecessor, estas peças parecem mais
concisas, e todas melhores. As cores na música existem com mais definição: Os
rosnados de Threadgill no sax blueseiro na faixa de abertura 'Come And Go' incendeia
através da peça de vanguarda sem chamuscar aquilo que o resto da banda
estabeleceu, enquanto o trombone de Jose Davila, em 'Beneath the Bottom' , faz
declarações através de uma série de introspecções contra um esparso e hostil
pano de fundo.
Uma das mais vitais partes da música do Zooid é sua natureza de mudança, em particular os papéis
inconstantes. Embora, a percussão e a tuba possam ser encontradas encarceradas
na intimidade, o balanço central é dominante no início da gravação, este
balanço convidativo desaparece tão rápido quanto aparece, dando a cada
instrumento (ou par de instrumentos) uma oportunidade para ser apresentado em
voz no concerto ou no acompanhamento—e frequentemente ambos.
O sentimento sinfônico e organização do Zooid é continuada aqui, e está mais presente na faixa título, “Poof”,
que significa um grande exemplo da evolução do som do Zooid. A banda usa o espaço nesta canção, de alguma maneira, para
relembrar o uso intencional do silêncio revolucionado pela AACM. Contraste no
timbre, entonação e intensidade da à peça uma densidade, que revela, em si, em
repetidas audições.
Não se precisa estar intimamente familiarizado com o
trabalho anterior do Zooid para
entender esta música, mas é um prazer incrível e um culto ao trabalho e à vida
de Threadgill apreciar aonde está agora conforme visto antes. “Poof” ´é uma
gravação, genuinamente, incrível em seus próprios termos, mas, também, uma
outra lembrança, sem fim, da fonte de criatividade de Threadgill, outra
revolução na linguagem
Zooid é formado
por Henry Threadgill (saxofone alto, flauta, flauta baixo), Liberty Ellman
(guitarra acústica), Christopher Hoffman (cello), Jose Davila (tuba, trombone)
e Elliot Humberto Kavee (bateria).
Faixas
1 Come
And Go 7:27
2 Poof
On Street Called Straight 8:16
3 Beneath The Bottom 8:48
4 Happenstance 7:54
5 Now And Then 5:36
Nota: Este álbum foi considerado, pela JazzTimes, um dos 40 melhores lançados em 2021.
Fonte: Landon Kuhlmann (The Free Jazz Collective)
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