O projeto mais recente de Django Bates marca a convergência
de dois aniversários: o sexagésimo do pianista e o centenário de Charlie
Parker. O falecido saxofonista está permanentemente na mente de Bates, uma
fonte de inspiração valiosa para inventiva reflexão.
“Tenacity” também explora uma confluência do profundo
mergulho do líder, trabalho iconoclástico em grupos maiores e em trabalhos
intimistas com trio, combinando seu trio Belovèd
(formado pelo baixista Petter Eldh e pelo baterista Peter Bruun) com a Swedish Norrbotten Big Band.
Bates tem atuado de forma fascinante, irreverente e virtuosa
em músicas para orquestra desde seu trabalho com Loose Tubes nos anos 80 e, em “Tenacity”,
ele cria uma selvagem tapeçaria, mas profundamente musical. Tal trava-língua
clássica do bop de Bird como em “Donna
Lee”, “Ah Leu Cha” e “Confirmation” é colocada através do liquidificador
desconstrutivista de Bates para emocionar no fim. Em músicas associadas ao saxofonista—
“Laura” e “Star Eyes”—Bates evita interpretações estáticas, oferecendo mudanças
mercuriais, extravagâncias sonoras e passagens dinâmicas. Porém, a própria voz
composicional de Bates também é vital para o álbum, abrangendo desde a flexível
e livre-encontra-fixo “We Are Not Lost, We Are Simply Finding Our Way” à sua
luminosa “The Study Of Touch”. Contrastando com a versão introspectiva do seu
álbum de 2017 pela ECM, a orquestra Touch
é espremida com alguma ginástica orquestrais, mas retorna à frente lírica. Um desenlace tranquilo.
Outra graciosa resolução surge na forma de encerramento em “Tenacity”,
seguindo todas as energias intelectuais, engenhosas e extáticas no mais fino
trabalho, até agora, do sempre tenaz maestro.
Faixas:
Cordial; Ah Leu Cha; Donna Lee; Laura; Confirmation; We Are Not Lost, We Are
Simply Finding Our Way; The Study Of Touch; My Little Suede Shoes; Star Eyes;
Tenacity. (53:10)
Músicos:
Django Bates, piano, vocal; Petter Eldh, baixo, vocal; Peter Bruun, bateria,
vocal; Norrbotten Big Band.
Fonte:
Josef Woodard (DownBeat)
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