Tão infame quanto o assalto, em 1990, dos treze trabalhos de
arte do Isabella Stewart Gardner Museum
em Boston foi uma abordagem para tratar o vazio, que não foi, artisticamente,
buscado. O lançamento do trompetista Jason Palmer, "The Concert: 12
Musings for Isabella" assumiu o desafio de compor interpretações originais
destas pinturas e diversos outros finos objetos de arte. Palmer descreve sua
reação para as estruturas livres deixadas nas paredes do Gardner como " formas vazias". Com o 30º
aniversário do furto das obras primas de Rembrandt, Vermeer e Degas ao lado de
outras pinturas e objetos sem preço, as composições de Palmer são uma lembrança
do que foi perdido.
Palmer credita sua inspiração a partir de duas ocorrências. Em
1997, como um aluno estudando trompete para a performance de jazz no New England Conservatory em Boston, ele primeiro
notou o vazio das estruturas denotando o trabalho de arte, desaparecido, de Gardner.
A segunda experiência veio diretamente de uma instrumentista, o prodígio do saxofone,
Grace Kelly, que estava atuando com Palmer no início da carreira dela, e tinha
sido contratada para escrever uma peça de música baseada em uma famosa pintura
de um renomado museu. As engrenagens da criatividade de Palmer começaram a
girar e ele refletiu, em recente entrevista para AAJ, "estas pinturas
soariam como?"
Tendo atuado em cerca de quarenta anos como acompanhante com
músicos estelares, do passado e do presente, em torno do mundo do jazz, Palmer veio
a ser um dos mais demandados músicos da sua geração. Envolvendo a si mesmo com
alto nível de talento deste lançamento —incluindo o saxofonista Mark Turner, o vibrafonista
Joel Ross, o baixista Edward Perez e o baterista Kendrick Scott—Palmer executa
uma porção extensa de várias peças expressadas individualmente.
Palmer estava em uma exploração musical, "tentando usar
a técnica de pintura e utilizá-la para informar-me sobre a maneira como deveria
compor". A interpretação mais literal foi de "A Lady and Gentleman in
Black" de Rembrandt, que é um retrato de um marido e esposa, em formal vestido
preto, holandeses com uma aparência de estatura socialmente refinada. Considerando
um casal aristocrático, possivelmente vestido para uma noite na cidade, Palmer escolhe
uma batida funkeada e animada, usando apenas as teclas pretas do piano para
criar a melodia. Com outras pinturas, Palmer focou no ângulo do ponto de vista,
também, sendo um elemento mais vertical ou linear, sua abordagem composicional "
considerando se baseadas, vertical ou linearmente, na forma como as melodias
são tocadas em um instrumento melódico".
Em cerca de duas horas, o concerto invoca um arranjo, tempo e
manifesto musical singulares para cada composição, lembrando-nos para não
esquecermos destas obra-primas.
Faixas: CD
1: A Lady and Gentleman in Black (Rembrandt); Cortege and Environs do Florence
(Degas); La Sortie de Pesage (Degas); Christ in the Storm on the Lake of
Galilee (Rembrandt); A French Imperial Eagle Finial; Chez Tortoni (Manet). CD
2: Program for an Artistic Soiree (Degas); An Ancient Chinese Gu; The Concert
(Vermeer); Landscape with an Obelisk (Flinck); Self Portrait (Rembrandt); Three
Mounted Jockeys (Degas).
Músicos: Jason
Palmer: trompete; Mark Turner: saxofone tenor; Joel Ross: vibrafone; Edward
Perez: baixo; Kendrick Scott: bateria.
Fonte: Doug
Hall (AllAboutJazz)
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