“Architecture of Storms” é o segundo álbum de Remy Le Boeuf com
um grande grupo. O primeiro, “Assembly of Shadows”, recebeu duas nominações ao Grammy
em 2019. Não seria surpreendente se este lançamento recebesse mais
reconhecimento. É também uma “grande” gravação: em ambição, escala e grau de
dificiuldade.
Há 30 músicos na composição da banda. Le Boeuf necessita,
então, de todos eles para criar seus intricados modelos de orquestra. A faixa
de abertura, “Neener Neener”, estabelece o tom. É um anúncio impetuoso e dramático,
um labirinto de uma melodia secundária que contrasta com a melodia principal e
é tocada ao mesmo tempo, com acompanhamentos improvisados e chamadas e
respostas. Peças que começam em relativa calma raramente permanece neste
caminho. Eles fazem barulho, são rápidos e adornados. Há muitos movimentos das
partes nos arranjos de Le Boeuf, e uma energia muito estridente, este efeito
pode ser exagerado. Novamente o compositor está no topo dos detalhes. Todas as
coisas ajustam-se em caleidoscópio.
Le Boeuf concede a si mesmo extenso espaço para solos. Suas
improvisações no alto e no soprano são contrapartidas para seus arranjos: coloridos
e contorcidos, em algum lugar entre frenético e irrequieto. É lamentável que os
melhores solistas da banda, o saxofonista tenor Dayna Stephens e o trompetista
Mike Rodriguez, tenham apenas uma oportunidade cada. “Face Value” tem um solo
de Stephens que soa como arrancado dele. O som claro e estridente de Rodriguez responde
ao tema hipnótico de “Minnesota, WI”, que está impecável (é a melhor música do
álbum e a única reinterpretação, composta por Justin Vernon of Bon Iver, que é
especialista em temas hipnóticos).
Há muito para admirar em “Architecture of Storms”. A
orquestra pós-moderna de Le Boeuf, plena de instrumentistas capazes de executar,
inteligentemente, uma música desafiante, soa como uma outra orquestra de jazz. Porém,
Le Boeuf não compõe, ainda, melodias memoráveis, e seus arranjos,
frequentemente, soam elaborados e timidamente inteligentes. Ele permanece um
talento a observar.
Faixas
1.Strata
07:17
2.Honeymooners
08:12
3.I.
Introduction 01:23
4.II.
Assembly of Shadows 08:55
5.III.
Shapeless Dancer 06:32
6.IV.
Transfiguration 04:40
7.V. A
Light Through the Leaves 05:47
Músicos : Gregory Robbins (maestro); Instrumentos de Palheta : Remy Le Boeuf (Saxes Alto e Soprano, Flauta), Anna Webber (Flauta – fxs: 1 e 6), Ben Kono (Sax Tenor /Clarinete), Vito Chiavuzzo (Flauta, Sax Alto), John Lowery (Sax Tenor /Clarinete), Carl Maraghi (Sax Barítono / Clarinete);Trompetes: John Lake, Tony Glausi, Philip Dizack, Matt Holman;Trombones: Eric Miller, Natalie Cressman, Isaac Kaplan, Jennifer Wharton, Nick Depinna (adicionais overdubs [NT : É uma técnica utilizada na gravação de áudio, onde uma passagem tenha sido pré-gravada, e, em seguida, durante a reprodução, uma outra parte é gravada para ir junto com o original] ); Guitarra: Alex Goodman; Piano: Martha Kato; Baixo: Matt Aronoff; Bateria: Peter Kronreif : Percussão: James Shipp.
Nota: Este álbum foi considerado, pela JazzTimes, um dos 40 melhores lançados em 2021.
Fonte: THOMAS CONRAD (JazzTimes)
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