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domingo, 27 de março de 2022

ANGELICA SÁNCHEZ & MARILYN CRISPELL – HOW TO TURN THE MOON (Pyroclastic Records)

Fãs do piano no jazz devem ter preferência para o formato em trio—piano/baixo/bateria. Ou eles devem gostar do piano correto, não perseguidor, em solo. Não há carência de trio e gravações solo flutuando em redor de uma divertida audição. Porém, dois pianos? Raro, ainda que não inédito. Brad Mehldau e Kevin Hays ofereceram o excelente “Modern Music (Nonesuch Records)” em 2011 e Vijay Iyer e Craig Taborn nos presentearam com um dos álbuns mais finos de jazz no ano de 2018 com “The Transitory Poems (ECM Records)”.

Agora, em 2020, as pianistas Angelica Sánchez e Marilyn Crispell decidiram sentarem juntas em “How to Turn the Moon”, para instigar as possibilidades de muitos acordes potenciais, assim muito das melodias potenciais, entrelaçadas, complementares, frequentemente de forma minimalista, com ocasional tempestade de jovial transitoriedade maximalista nas paisagens sonoras.

Uma ideia ampla do som em duo pode ser sugerida pela companhia que elas frequentemente mantêm: o Anthony Braxton Quartet, Joe Fonda, o Reggie Workman e Gary Peacock no caso de Crispell; Wadada Leo Smith, Paul Motian, Tim Berne e Jamaladeen Tacuma para Sánchez. As pianistas são pesquisadoras, abertas ao não convencional. "Deixa ver o que acontece", instrumentistas que abraçam os sons da surpresa e oferecem o centro da beleza em suas capacidades artísticas.

O álbum com sete inéditas de Sánchez —ao lado de três composições realizadas no momento por Sánchez e Crispell—inicia com "Lobe Of the Fly", inspirada em desenhos de Ramon y Caja, que apresentam células de um lóbulo ótico de uma mosca. É um complicado e premente exercício ao piano, emprestando o lado maximalista, flertando com o caos sem ser ir totalmente para lá. "Ancient Dream" apresenta tramas dentro do piano, que servem ao mesmo propósito que a "eletrônica" faz para muitos artistas, que se arrasta para marcar e colidir, fantasmagoricamente fazendo barulho e toques de pingos de chuva, junto com um ótimo uso do espaço e reflexões diretas e belas ao piano.

"Calyces Of Held" é intitulado por causa de sinapses mais amplas do sistema nervoso central —Sánchez parece uma ampla abertura de absorção de uma vasta gama de entradas para usar como inspiração. Este é um som investigativo, as pianistas movendo-se fluidamente, conversacionalmente, belamente, em comunhão ao estúdio com a forma de telepatia musical em vez de uma comunicação física entre sinapses atuais.

Um bônus é a marcante arte para a capa de Felicia Van Bork, trazendo pensamentos de Charles Mingus em “Ah Um (Columbia, 1959) ” e de Dave Brubeck em “Time Out (Columbia, 1959) ”, em um tempo em que o produto físico era a coisa.

Faixas: Lobe Of The Fly; Ancient Dream; Calces Of Held; Space Junk; Ceiba Portal; Windfall Light; Twisted Roots; Sullivan's Universe; Rain in The Web; Fires In Space.

Músicos : Angelica Sánchez: piano; Marilyn Crispell: piano.

Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)

 

 

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