Quase exatamente um quarto de século atrás, Jon Gordon venceu
o prestigioso Thelonious Monk
International Jazz Saxophone Competition, conforme julgado pelo
irrepreensível quinteto formado por Wayne Shorter, Jimmy Heath, Joe Lovano,
Jackie McLean e Joshua Redman. Porém, “Stranger Than Fiction” é a última
evidência que, embora ele seja um flexível altoísta percorrendo os moldes do
seu mentor Phil Woods, Gordon empunha a pena mais memoravelmente que o instrumento.
O melhor destas 10 músicas para noneto é o mergulho na
sofisticação e integridade de Shorter. Temas secundários são pressagiados, emergem
completamente, e então desaparece com momento esperto e justaposição. Os três
instrumentos de palhetas e dois metais na seção de sopros deslumbram com as
cores evolucionárias mais que uma força condutora e mesmo seu poder suave veio
a ser menos restrito. O contexto da composição dita os parâmetros.
Mais especificamente, “Dance” e “Bella” perambulam em um
terreno extenso de entonações deslocadas e correntes subterrâneas rítmicas, tão
variadas e ainda inexoráveis quanto suítes sem emendas. A abertura,
“Pointillism”, inicia com notas díspares e desgarradas dos instrumentos de
sopro, que incrementam a frequência e desintegram-se em um intercâmbio
espirituoso e direto entre Gordon e o baterista Fabio Ragnelli antes de se aglutinar.
Músicas com títulos diretos como “Counterpoint” e “Modality” exploram e interpolam
estes conceitos em caminhos que recompensam repetidas audições.
Gordon escolhe não deixar a COVID impedir seu primeiro álbum
com noneto desde “Evolution” em 2009, gravando “Stranger Than Fiction” em
Winnipeg com um quinteto nuclear, consistindo majoritariamente de ex-estudantes
da University of Manitoba, então
adiciona antigos companheiros, tais como o trombonista/arranjador Alan Ferber, o
clarinetista baixo John Ellis e o colega de faculdade, Derrick Gardner, no trompete,
para uma gravação em casa. Seu incentivo pelo projeto foi sua antiga
necessidade para estar “chamando”, o que ele denomina “o autoritarismo contraditório
da realidade” nos Estados Unidos. Infelizmente, a natureza ascética de “Stranger
Than Fiction” obscurece esta proposta. Seus múltiplos, mas majoritariamente
breves solos, e aqueles do pianista convidado Orrin Evans e do guitarrista
Jocelyn Gold durante “Bella” mais Gardner em “Modality” não choram realmente, e
são facilmente subsumidas dentro de uma banda maior. O resultado é mais tenso e
magnífico, mas nunca discordante.
Faixas: Pointillism;
Havens; Stranger Than Fiction; Dance; Sunyasin; Counterpoint; Bella; Modality;
Steps; Waking Dream.
Músicos: Jon
Gordon: saxofone alto; Derrick Gardner: trompete; Reginald Lewis: saxofone;
Tristan Martinuson: saxofone tenor; John Ellis: saxofone tenor; Annna
Blackmore: clarinete baixo; Alan Ferber: trombone; Jocelyn Gould: guitarra;
Larry Roy: guitarra; Will Bonness: piano; Orrin Evans: piano; Julian Bradford: baixo
acústico; Fabio Ragnelli: bateria.
Fonte: BRITT
ROBSON (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário