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sábado, 26 de março de 2022

NICHOLAS PAYTON - SMOKE SESSIONS (Smoke Sessions Records)

Arrebatado pelo seu primeiro encontro com a gravação ao vivo de Miles Davis em 1966, “‘Four’ & More” quando jovem, o trompetista Nicholas Payton tem perseguido, desde então, o som surdo do acompanhamento do baixo de Ron Carter. Aparentemente, não encontrando um substituto adequado, o último LP de Payton, “Smoke Sessions”, o vê, finalmente, emparelhado com o lendário baixista, ao lado do antigo companheiro, o baterista Karriem Riggins, e o convidado apresenta outro aluno de “‘Four’ & More”, o saxofonista George Coleman.

As 10 faixas estão longe de um tributo para ‘Four’, embora, compreendendo composições que não são de Davis, que varia da gabolice do hip-hop de Riggins ao passeio consistente de Carter e à própria fluidez com inflexão funk de Payton. A abertura “Hangin’ And A’ Jivin’” estabelece o tom, com Payton tocando a melodia animadamente no teclado e adotando um expansivo e profundo solo suingante atrás do piano, então surge o trompete, enquanto Riggins e Carter fecham-se em um balanço tesselado. O saxofonista Coleman, então, faz a primeira das duas aparições em “Big George”, uma balada terna que metamorfoseia um funk pantanoso, antes do seu segundo, mostrado em “Turn-a-Ron”, que lhe dá amplo espaço para voar através das 16 notas cromáticas sobre pinceladas de Riggins.

A destreza de Payton vem em possibilitar campo para o virtuosismo de Carter e Coleman para brilhar, enquanto os coloca em contextos sutilmente atualizados. Há uma batida no esquema de J Dilla em “Big George”, onde Coleman suinga para explodir, por instante, enquanto a versão de “Toys” de Herbie Hancock vê Carter tocar sobre quase dissonâncias atonais nos teclados, antes de implementar uma linha de passeio descendente. A suíte “Lullaby For A Lampost”, dedicada a um músico de jazz de New Orleans, Danny Barker, entretanto, habilmente muda uma tradicional canção de procissão de funeral em uma minimalista melodia neo-clássica. Aqui nós ouvimos a economia do fraseado de Carter, puxando a s cordas reflexivamente sobre as pinceladas de Riggins no tambor, antes da segunda parte da suíte de 12 minutos pegar o passo, suingando em um funk distorcido, que providencia o momento para um delicado solo de Payton.

Assim, Payton exibe as habilidades atemporais de Carter e Coleman, suas indescritíveis capacidades para entalhar novas combinações com a boa vontade de ouvidos abertos para o suíngue. O batimento deles dentro do coração do jazz estabelece que o tempo pode envolver e ser transportado por Payton, Riggins e aqueles que estão por vir.

Faixas: Hangin’ And a’ Jivin’; Big George; Levin’s Lope; No Lonely Nights; Lullaby For A Lamppost, Part 1 (for Danny Barker); Lullaby For A Lamppost, Part 2 (for Danny Barker); Q For Quincy Jones; Gold Dust Black Magic; Turn-a-Ron; Toys. (67.22)

Músicos: Nicholas Payton, trompete e piano, Karriem Riggins, bateria; Ron Carter, baixo; George Coleman, saxofone tenor (2, 10).

Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 ½ estrelas.

Fonte:  Ammar Kalia (DownBeat) 

 

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