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quinta-feira, 14 de abril de 2022

BOBBY SHEW / BILL MAYS – TELEPATHY (Fresh Sound Records)

Álbuns de duo com trompete e piano são relativamente raros. Louis Armstrong e Earl Hines em "Weather Bird" de (1928) foi inovador, apesar de ser um compacto. Oscar Peterson e Dizzy Gillespie (Pablo, 1974) e “One on One (Chesky Records, 1999) ” de Clark Terry, onde CT tocou com catorze diferentes pianistas de jazz, vem à mente. “Telepathy”, uma colaboração de instrumento de sopro e piano apresentando o trompetista Bobby Shew e o pianista Bill Mays continua a tradição e brilhantemente. Originalmente gravado em 1978 e lançado em 1982, a sessão é uma exploração da habilidade de tocar, sensibilidade e uma improvisação completamente soberba.

Os artistas cujos currículos são extensos, Shew com as orquestras de Buddy Rich, Woody Herman, dentre outras, nos estúdios de Hollywood, e grupos pequenos de Horace Silver, e Mays com pessoas que vão de Art Pepper a Frank Zappa, em todos os tamanhos de grupos, oferecem, predominantemente, números bem conhecidos para uma sessão executada completamente de forma extemporânea. Duas músicas em forma livre— a faixa título e "Telepathy II"— são os destaques e adicionam dinamismo nesta colaboração. E a maioria das faixas foram gravadas na primeira tomada.

"It Might As Well Be Spring" desperta com Mays estabelecendo coloração pastel e com a poesia criativa de Shew via um magnífico e expressivo flugelhorn. "Poor Butterfly" tem o Harmon de Shew dançando sobre composições de Mays antes dele apresentar seu primeiro solo extenso, maravilhoso. Ao longo desta faixa e a sessão inteira, melodia e textura são prevalecentes. A paleta musical, aqui, é pastel e suave. Entretanto, a interação entre estes dois é elétrica, envolvente e sedutora. O flugelhorn de Shew é especialmente rico em sua entonação e em sua habilidade para desenhar cores de toques dinâmicos e as inflexões são soberbas. Como foi o artista a quem o álbum foi dedicado —Miles Davis—para quem simplicidade pode dizer o máximo, e os esboços de Shew, se breves ou extensos, sempre suingando e manifestando volumes. Mays, um explorador sempre que ele atua, é o parceiro perfeito para este tipo de trabalho. Ele é inventivo, sustentador e tem uma abordagem mágica no teclado e no desenvolvimento de suas próprias ideias, respondendo em espirais musicais com seu parceiro.

"Telepathy" é um introspectivo e meditativo experimento em forma livre. A faixa é sedutora, desenhando dimensões melódicas, harmônicas e rítmicas. "Gentle Rain" de Luis Bonfá é interpretada em bossa direta. "You've Changed" é uma vitrine para o lirismo límpido de Shew, com Mays estabelecendo uma plataforma antes do seu próprio solo elegante. "Indian Summer" assume um tempo animado, suinga pesado. Os instrumentistas estendem-se com solos maravilhosos. "Telepathy II" encerra a sessão com uma segunda aventura dentro do free, onde trinados lideram os temas, respondem e deleitam-se cintilantemente.

Desta maneira, um brilhante trabalho como “Telepathy” só pode ser obtido por artistas de sensibilidade e imensa profundidade criativa. É uma experiência prazerosa.

Faixas: It Might As Well Be Spring, Poor Butterfly, Yesterdays, Telepathy, The Gentle Rain, You've Changed, Indian Summer, Telepathy II.

Músicos: Bobby Shew: trompete; Bill Mays: piano.

Fonte: Nicholas F. Mondello (AllAboutJazz)

 

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