Álbuns de duo com trompete e piano são relativamente raros.
Louis Armstrong e Earl Hines em "Weather Bird" de (1928) foi inovador,
apesar de ser um compacto. Oscar Peterson e Dizzy Gillespie (Pablo, 1974) e “One
on One (Chesky Records, 1999) ” de Clark Terry, onde CT tocou com catorze
diferentes pianistas de jazz, vem à mente. “Telepathy”, uma colaboração de
instrumento de sopro e piano apresentando o trompetista Bobby Shew e o pianista
Bill Mays continua a tradição e brilhantemente. Originalmente gravado em 1978 e
lançado em 1982, a sessão é uma exploração da habilidade de tocar,
sensibilidade e uma improvisação completamente soberba.
Os artistas cujos currículos são extensos, Shew com as
orquestras de Buddy Rich, Woody Herman, dentre outras, nos estúdios de
Hollywood, e grupos pequenos de Horace Silver, e Mays com pessoas que vão de Art
Pepper a Frank Zappa, em todos os tamanhos de grupos, oferecem,
predominantemente, números bem conhecidos para uma sessão executada completamente
de forma extemporânea. Duas músicas em forma livre— a faixa título e
"Telepathy II"— são os destaques e adicionam dinamismo nesta
colaboração. E a maioria das faixas foram gravadas na primeira tomada.
"It Might As Well Be Spring" desperta com Mays estabelecendo
coloração pastel e com a poesia criativa de Shew via um magnífico e expressivo flugelhorn.
"Poor Butterfly" tem o Harmon
de Shew dançando sobre composições de Mays antes dele apresentar seu primeiro
solo extenso, maravilhoso. Ao longo desta faixa e a sessão inteira, melodia e textura
são prevalecentes. A paleta musical, aqui, é pastel e suave. Entretanto, a
interação entre estes dois é elétrica, envolvente e sedutora. O flugelhorn de Shew
é especialmente rico em sua entonação e em sua habilidade para desenhar cores
de toques dinâmicos e as inflexões são soberbas. Como foi o artista a quem o
álbum foi dedicado —Miles Davis—para quem simplicidade pode dizer o máximo, e os
esboços de Shew, se breves ou extensos, sempre suingando e manifestando
volumes. Mays, um explorador sempre que ele atua, é o parceiro perfeito para
este tipo de trabalho. Ele é inventivo, sustentador e tem uma abordagem mágica no
teclado e no desenvolvimento de suas próprias ideias, respondendo em espirais
musicais com seu parceiro.
"Telepathy" é um introspectivo e meditativo experimento
em forma livre. A faixa é sedutora, desenhando dimensões melódicas, harmônicas
e rítmicas. "Gentle Rain" de Luis Bonfá é interpretada em bossa direta.
"You've Changed" é uma vitrine para o lirismo límpido de Shew, com
Mays estabelecendo uma plataforma antes do seu próprio solo elegante. "Indian
Summer" assume um tempo animado, suinga pesado. Os instrumentistas estendem-se
com solos maravilhosos. "Telepathy II" encerra a sessão com uma
segunda aventura dentro do free, onde
trinados lideram os temas, respondem e deleitam-se cintilantemente.
Desta maneira, um brilhante trabalho como “Telepathy” só pode
ser obtido por artistas de sensibilidade e imensa profundidade criativa. É uma
experiência prazerosa.
Faixas: It
Might As Well Be Spring, Poor Butterfly, Yesterdays, Telepathy, The Gentle
Rain, You've Changed, Indian Summer, Telepathy II.
Músicos: Bobby
Shew: trompete; Bill Mays: piano.
Fonte: Nicholas
F. Mondello (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário